quinta-feira, outubro 07, 2010

Na Madeira dava logo lugar a uma "comissão de inquérito"... (II)

Não duvidem. Seria um rodopio para ver quem chegava primeiro, a par de muita suspeição e especulação, o habitual numa política rasca onde os "sérios" estão só na oposição. Isto até se começar a descobrir a careca... Segundo o Correio da Manhã, num texto assinado pelo jornalista António Sérgio Azenha, "a cunhada de Sócrates é assessora na EPAL. Mara Fava trabalha na organização do arquivo histórico. Irmã da ex-mulher de José Sócrates passou de precária a assessora da administração. A EPAL, empresa pública tutelada pelo Ministério do Ambiente, contratou em Junho deste ano, já em plena derrapagem das contas públicas, a cunhada do primeiro-ministro para assessora do conselho de administração. A admissão de Mara Mesquita Carvalho Fava, irmã de Sofia Fava (ex-mulher de José Sócrates), nos quadros da EPAL ocorreu após quase dois anos como trabalhadora da empresa a recibos verdes. A cunhada de José Sócrates terá um salário mensal bruto de 2103 euros, acrescido de 21,5% do ordenado por isenção de horário de trabalho. O ingresso de Mara Fava nos quadros da EPAL foi revelado pelo próprio jornal da empresa: na edição de Junho de 2010 do ‘Águas Livres’, na coluna Movimento de Pessoal, indica-se que foram admitidas Mara Fava e Mariana Barreto Dias de Castro Henriques, mulher de Jorge Moreira da Silva, ex-secretário de Estado do Ambiente, ex-consultor do Presidente da República e vice-presidente do PSD. A EPAL diz que "a admissão das duas funcionárias referidas fez-se de acordo com as regras em vigor na empresa e de acordo com a avaliação do curriculum e desempenho efectuada pelos serviços respectivos". E frisa que, "desde 2005, foram admitidos na empresa 111 novos colaboradores". Como Mara Fava é irmã da ex-mulher do primeiro-ministro e o presidente da EPAL, João Fidalgo, foi nomeado para este cargo no primeiro Governo de José Sócrates, em 2005, o CM tentou saber junto do gabinete do chefe do Executivo se Sócrates tinha conhecimento do ingresso de Mara Fava na EPAL. Até ao fecho desta edição, não obteve resposta. A Comissão de Trabalhadores, em resposta ao CM, assume que o assunto "é falado entre os trabalhadores da EPAL e em termos nada abonatórios para os envolvidos directa ou indirectamente na sua admissão, assim como para a justificação do vencimento mais isenção de horário de trabalho". Tudo porque, diz, essas pessoas "foram admitidas com a categoria de assessoras, para assessorar um assessor do conselho de administração para a organização do Arquivo Histórico da EPAL, com um vencimento muito superior a qualquer admissão vulgar de início e isenção de horário de trabalho".
FAMÍLIA REUNIDA NA MÃE DE ÁGUA
A exposição de pintura de Clotilde Fava na Mãe de Água, que é propriedade a EPAL, foi o motivo para José Sócrates ter um encontro com a família da ex-mulher, Sofia Fava, e os filhos, segundo a reportagem da ‘Caras’. O primeiro-ministro, de acordo com a revista, admitiu admirar o trabalho da sogra: Sou um fã e um admirador dela há muitos anos", afirmou José Sócrates.
MULHER DE VICE DO PSD INGRESSOU TAMBÉM NA EPAL
Mariana Henriques, mulher do vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, entrou nos quadros da EPAL em Junho de 2010. O ex-secretário de Estado do Ambiente e ex-consultor do Presidente da República diz que quando a mulher foi para a EPAL, há dois anos, e mudou de contrato [para efectiva na EPAL, em 2010], ele "não tinha nenhuma actividade político-partidária". E frisa que a mulher coordenou a recuperação do Museu Bordalo Pinheiro.
LÍDER DA EPAL E CHEFE DO GOVERNO SÃO PRÓXIMOS
O presidente da EPAL e José Sócrates têm relações de proximidade. O líder da EPAL foi nomeado pelo então ministro do Ambiente Nunes Correia para a presidência da EPAL em Maio de 2005, após a tomada de posse do Executivo. A mulher de João Fidalgo, Madalena Presumido, ex-directora Regional do Ambiente, é administradora da Valorsul, firma do grupo Águas de Portugal, tal como a EPAL”.
Gostaria sobre isto de dizer o seguinte: não me incomoda rigorosamente nada este tipo de situações. O facto de ser familiar de Sócrates não significa que a pessoa em questão tenha que ser prejudicada no acesso ao emprego ou na sua carreira. Para mim isto é uma questão de honra. O que pretendo destacar, ao trazer aqui esta notícia, é que no caso da Madeira, e particularmente do PS - que parece não ter espelho em casa, no caso de alguns deles... - há sempre uma deliberada intenção de lançar a suspeição, na comunicação social, na Assembleia Legislativa ou onde quer que seja, e de alimentar a especulação e a dúvida, como se o poder, pelo facto de ser poder, fosse constituído por uma cambada de corruptos. O problema é que aos poucos começa-se a descobrir a verdade, por muito que ela seja deliberadamente escondida graças a um frete deontologicamente lamentável feito a um partido. E as coisas mudam de figura quanto a discutir honestidade.

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