segunda-feira, setembro 06, 2010

Perdas

Há notícias que nos incomodam. Podem dizer que é o desígnio divino, que cada um de nós "tem a sua hora" e coisas do género. Podem dizer o que entenderem. Para nós, quando as notícias chegam, abruptamente e sobretudo as que transportam consigo um sentimento de perda, todos esses argumentos não passam disso mesmo, de pura argumentação. que vale o que vale, rigorosamente nada. Há dias foi o Carlos Miguel que faleceu, um antigo colega de Liceu, uma personagem que fez sempre tudo, ao longo da sua vida, e particularmente nos anos em que com ele mais de perto lidei no antigo Liceu do Funchal, para manter todos os que estavam à sua volta, bem dispostos. Não me lembro de ouvir o Carlos Miguel queixar-se fosse do que fosse. Fazia-o quanto muito em silêncio, porque no fundo sabemos que todos os homens têm os seus problemas. Hoje, a meio da manhã, fui surpreendido pelo falecimento de outro meu antigo colega do Liceu, desses tempos em que nenhum de nos pensava nessa fatalidade, porque todos queríamos sonhar. Falo de um antigo colega de Liceu, mas falo também de alguém com quem depois convivi no jornalismo. Professor também, o Ângelo Correia - que durante anos foi uma referência na informação do Posto Emissor do Funchal, juntamente com o Nélio Freitas, também já falecido e o Dionísio Andrade que abandonou o jornalismo - morreu hoje de manhã, vítima de uma prolongada doença que o destruía aos poucos por dentro, mas que nunca o desanimou. O Ângelo chegou hoje ao fim do seu caminho, quando já nada conseguiu fazer para adiar este fim que ele próprio assumiu como inevitável. Não vou demorar em elogios. Vou recordar um colega, um amigo, um jornalista, com quem sempre me dei bem, que deu sempre uma imagem de tranquilidade e de calma, mas que sempre soube responder com elevada qualidade aos desafios que as suas actividades profissionais dele exigiram. Deixo-lhe um abraço de saudade e espero que finalmente encontre a paz e a tranquilidade que nestes últimos anos de doença porventura nunca teve, apesar do apoio da família e da sua exemplar resistência a um desígnio, a uma fatalidade que não poupará nenhum de nós.

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