Segundo o Jornal I, "apesar das promessas, mais ou menos recentes, de investimento público para animar a economia e criar emprego, a produção na construção não pára de cair em Portugal. O sector está a terminar uma década negra, com quedas consecutivas anuais. E quando se esperava alguma retoma, à boleia dos grandes projectos de obras públicas prometidos pelo governo, a crise dos mercados financeiros veio estragar as expectativas. Em vez da recuperação antecipada para 2011 e 2012, as estatísticas ontem divulgadas na apresentação do plano estratégico da Soares da Costa, com base em dados do Euroconstruct (organismo internacional de estatísticas da construção) trabalhados pela Roland Berger para a Soares da Costa, mostram a continuação da queda. Este ano, prevê-se uma quebra de 10% da produção, embora atenuada após o visto do Tribunal de Contas às novas concessões rodoviárias. Para 2011, o quadro prevê um recuo de 5,6% e de 5% para 2012. Estas previsões terão sido feitas com base em dados de Abril, ou seja, ainda não incluem o impacto da maior turbulência nas dívidas públicas soberanas, explicou ao i Pais Afonso da AECOPS (Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas). Em Portugal, há ainda as medidas do PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) II que estabeleceu novos cortes no investimento público, alguns dos quais ainda por conhecer. Mas não são só os anunciados investimentos no TGV e aeroporto que não chegam ao terreno. Mesmo as concessões e parcerias público-privadas recentes apresentam taxas de rentabilidade mais baixas, essencialmente devido ao agravamento dos custos de financiamento, mas também por causa da dificuldades de bancos e do Estado português em obter liquidez nos mercados internacionais. A solução passa cada vez mais por investir fora. Este não é um caminho novo - as contas semestrais das três principais construtoras mostram o peso crescente das operações internacionais e a queda da facturação em Portugal. Teixeira Duarte e Soares da Costa garantem mais de metade do volume de negócios fora do país. Angola é o principal mercado, mas há um esforço de diversificação. E a estratégia "de fuga" é para a acentuar. Essa foi uma das mensagens que a Soares da Costa ontem deixou na apresentação do plano de negócios para 2014. O objectivo é que, nessa data, 70% do negócio seja gerado fora do país, apesar de se manter a aposta em grandes projectos nacionais. Também o grupo Mota-Engil está a seguir esse caminho. Este ano anunciou a compra de várias empresas e parcerias do Leste da Europa até à América Latina, passando por Angola".
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