sábado, setembro 11, 2010

Alberto Jão Jardim e a RC: "É preciso mudar"

"A presente legislatura da Assembleia da República detém poderes de revisão constitucional. Nada mais natural que se trabalhe na sua preparação, à excepção das forças políticas conservadoras que, mascaradas de “esquerda”, querem deixar Portugal continuar a ir para o fundo, numa espécie de martírio religiosamente assente em dogmas políticas falhados.
A questão é muito simples. Ou os Portugueses querem deixar tudo na mesma, até pelo medo das mudanças, medo que marca tragicamente os Portugueses desde os anos trinta do século passado, e, neste caso, não têm sequer legitimidade para se queixar. Ou os Portugueses já perceberam que urgem reformas de fundo no sistema democrático, para que este sobreviva, e então cabe-nos exigir tal revisão constitucional, independentemente do conservadorismo mascarado de “esquerda” que ainda domina Portugal e controla a propaganda política. Ou se muda Portugal democrática e constitucionalmente, ou, então, tal mudança vai acontecer inevitavelmente face ao agravamento da Situação, previsão que até o próprio Governo socialista não consegue disfarçar, mas acontecerá através de convulsões político-sociais gravíssimas. O que pode mesmo levar a medidas policiais extremas, anti-democráticas, por parte dos conservadores que querem este sistema político a todo o custo e na presente agonia.
A sabedoria do Povo diz que “quem me avisa, meu amigo é”. Depois, não digam que não estavam avisados e não venham com a catarse de deitar as culpas só para cima “dos políticos”!
Ainda que se sabendo que, em Portugal, a expressão “esquerda” serve para camuflar um dos conservadorismos políticos mais estremes da História portuguesa, como é o presente momento que Portugal vive. E ainda que se sabendo que tal conservadorismo disfarçado de “esquerda”, sobrevive à custa do domínio dos meios de propaganda, por parte dessa gente, é tempo de os Portugueses deixarem de andar tristemente conformados com a sua sorte.
É preciso mudar.
Mudar para um sistema político-constitucional democrático e mais eficiente, e não ficar agarrado às teses de 1975, que o mundo quase todo já mandou àquela parte de nome feio. Mas também não é repetir o espectáculo das revisões constitucionais anteriores, em que ocorreram pequenas alterações para que tudo continuasse na mesma, então e assim enganando os Portugueses
(Alberto João Jardim, rubrica “Palavras Assinadas” na TVI/24, 6 de Setembro 2010).

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