quinta-feira, novembro 06, 2008

A "cunha" continua a ser o "modo de acesso mais frequente" à profissão de jornalista

Segundo a jornalista do Publico, Inês Sequeira "o mecanismo da "cunha", ou seja, o recurso a conhecimentos que se têm com pessoas dentro da profissão, "é o modo de acesso mais frequente" à carreira de jornalista, embora em Portugal os estágios ganhem cada vez mais importância. Estas são algumas conclusões de um estudo sobre o perfil sociológico dos jornalistas portugueses, realizado desde 2005 por uma equipa coordenada por José Rebelo, do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa), e amanhã debatido no Sindicato de Jornalistas, em Lisboa.Foram entrevistados 41 profissionais na fase qualitativa do trabalho de investigação; perto de metade das suas respostas sobre os respectivos modos de acesso à profissão apontam para as relações sociais directas ou indirectas como porta de entrada no mundo jornalístico, indica José Luiz Fernandes, um dos participantes na investigação, num dos artigos publicados sobre o estudo no último número da revista Trajectos, do ISCTE. Uma entrevistada bastante jovem é citada sobre a forma de "arranjar trabalho nos jornais de Lisboa": "É com cunhas, nomes de família, amizades com figuras públicas, pertença a clãs jornalísticos." Já as relações familiares surgem "com pouca importância" neste domínio, mas o autor menciona laços de parentesco com outros jornalistas em 15 dos 41 entrevistados, em especial aqueles que "adquiriram ligações já no interior do grupo, através do casamento e da união de facto". Exemplos? "Dois irmãos jornalistas, filhos de um casal de jornalistas"; outro que é "um jornalista filho e sobrinho de jornalistas, primo de jornalistas e casados com [uma] jornalista". Relações à parte, os estágios são cada vez mais importantes no acesso, em especial desde os anos 80. Mas os chamados estágios curriculares tiveram "o seu objectivo pervertido", acrescenta o autor do artigo sobre "Motivações e modos de acesso à actividade de jornalista".
Retrato da Profissão
- 60,8% dos 7402 jornalistas com carteira profissional trabalhavam na região de Lisboa, em 2006
- 60,3% tinham concluído o ensino superior e outros 36 por cento o ensino secundário
- 44,1% tinham entre 30 e 40 anos (Fonte: Revista Trajectos)

Sem comentários: