quinta-feira, novembro 20, 2008

UMa: um e-mail e a minha resposta

Entendo publicar na integra um e-mail que recebi da actual responsável pelo departamento de Ciências da Educação da Uma, Professora Doutora Jesus Maria Sousa - que, como confirma, não conheço nem sequer alguma vez falei – acerca de um comentário aqui publicado:
"É com perplexidade que me vejo envolvida em epítetos por si proferidos num post do seu blogue, quando, ao que me parece, mal nos conhecemos. Oportunismo, descaramento, patifarias, “mérito” com aspas, “investigação” com aspas, aulas no estrangeiro e projectos de duvidosa pertinência, constituem alguns exemplos de declarações e insinuações bastante graves que faz, lesando o meu bom nome, uma vez que faço parte da lista do Reitor e apareço na fotografia que aí coloca. Já em 5 de Novembro, publicou um post chamado “UMa: espantam-se?”, onde refere “mais duas notícias que realmente demonstram o estado a que a UMa chegou”. Por acaso uma das notícias dizia respeito ao Departamento de que sou actualmente responsável, sob o título “Queixa ao Ministério”. Essa notícia teve direito a um esclarecimento da minha parte que o DN publicou dois dias depois com o mesmo destaque da anterior. Já nessa altura, talvez por ingenuidade da minha parte, esperei que o Senhor Dr. Luís Filipe Malheiro tivesse o discernimento suficiente para se retractar, uma vez que se tinha utilizado da primeira notícia para justificar o seu ataque pessoal à liderança da Universidade. Chamaria a isso honestidade intelectual. E, em princípio, tenho imenso respeito por quem a tem e que consiga reconhecer que errou quando errou.
Esperança em vão e assunto esquecido, que vem no entanto agora à baila, pela sua persistência obsessiva em denegrir tudo e todos, qual política de terra queimada, dizendo sempre que não tem nada a ver com isso e que se “está a borrifar com o que na UMa acontece”. Claro que tem a ver com isso, como aliás todo o cidadão deve ter, relativamente ao direito e ao dever duma participação cívica, pautada pela crítica construtiva, fundamentada e não gratuita como, infelizmente, nos tem dado mostras. Porque não devo nada a ninguém e a categoria que ocupo profissionalmente não a tenho nem por nomeação política, nem por favorecimentos pessoais ou corporativos, e uma vez que o meu currículo está à vista de quem o quiser consultar, gostaria que no mínimo se abstivesse de fazer comentários absurdos sobre o meu “mérito” entre aspas, pois esse mérito (sem aspas) resulta de muitas horas de dedicação à investigação e aos meus alunos dentro e fora da Madeira. A liberdade de opinião, que todos acarinhamos como fundamental num Estado democrático, não lhe confere o direito de injuriar ou levantar suspeitas sobre o bom nome e a honra das pessoas sejam elas quais forem. Por isso, sugiro-lhe, a título individual, que se retracte no seu blogue sobre a minha pessoa, a fim de não me sentir obrigada a instaurar-lhe o pertinente processo judicial (criminal e cível)”.

Comentários que este assunto me oferece: alguma vez fiz alguma alusão crítica ao DCE neste blogue? Quando e em que termos? Confesso que a situação descrita quanto a 5 de Novembro me passou, provavelmente pelo facto de não me encontrar na Madeira e ter, portanto, acesso muito condicionado aos meios de comunicação social por via da internet. Assumi neste espaço posições pessoais, em certa medida envolvendo o departamento de Ciência da Educação, que, pelos vistos, pura e simplesmente deveria ter passado ao lado independentemente do facto da senhora professora doutora ter ou não considerado despropositado esse meu interesse pelo assunto que não medizia frespeito rigorosamente nenhum. Aliás, bem poderia ter sido o DCE a assumir institucionalmente esse papel e estava tudo resolvido. Mesmo assim não creio que lhe tivesse levado ao conhecimento reacções que naturalmente daí resultaram.
Quando olho para uma fotografia – e vamos enquadrar o assunto, para que não façamos de conta que andamos uma espécie de “jogo do rato e do gato”, em que eu sou o rato - e vejo as pessoas que protagonizaram situações degradantes para a UMa nos últimos tempos (eu pelo menos assim considero, mesmo que respeite quem ache o contrário), quando vejo pessoas que são protagonistas de lamentáveis casos de disputa interna, em curso e que envergonham a instituição, a que não faltaram acusações de incompetência a uma chefe de departamento (que também não conheço) em relação à qual não vi qualquer solidariedade fosse de quem fosse, quando vejo pessoas do tal departamento (a senhora professora doutora não pode dissociar os meus comentários, que nem sequer são novos - “patifarias administrativas”, viagens ao estrangeiro, “investigação”, “mérito” - de situações absurdas de distribuição de milhares de euros decidida à volta de uma mesa, de pessoas que eram ao mesmo tempo docentes na UMa e faziam parte de órgãos municipais, creio que até delegados do Instituto de Desporto num distrito do Continente, etc) que esteve na origem de factos que me levaram a trazer a UMa a este blogue, quando vejo os responsáveis por situações de saneamento e de despedimento de docentes, em relação aos quais desconheço qualquer atitude de apoio público, acha porventura que quando faço aqueles comentários estou a falar de quem? De si? Do Carlos Fino? Da Helena Jardim que conheço há anos? Da Susana Morna que conheço, incluindo os seus méritos científicos e académicos reconhecidos com a conquista de prémios de reconhecimento desse seu valor? Da minha antiga professora, Aline Bazenga, que só por isso, e tal como todos quase todos os restantes, é credora da minha consideração? Ou a qualquer uma das pessoas que lá estão, que não conheço, que sabem que não falo delas e sobre as quais nunca emitira juízos de valor? Obviamente que não. Pensar ou dizer o contrário é donesidade. O que é que a senhora professora doutora quer que lhe diga, quando vejo numa mesma fotografia, docentes do DCE lado-a-lado docentes que ainda em Dezembro passado assinaram um documento, e estão no seu direito, de recusar qualquer cenário de fusão do departamento deles (Economia e gestão) com o seu departamento, quando sabiam que os novos estatutos para aí apontavam? O que mudou em dez meses, posso eu perguntar?
Pode ter a certeza absoluta, e peço-lhe que acredite nisso senhora professora doutora, que me estou borrifando para o que possa acontecer na UMa, primeiro porque não tenho qualquer interesse no que lá se passa, depois porque tenho o direito de considerar – mesmo que cometa o erro de dizer a maior asneirada do mundo, mesmo assim um direito que me assiste – que, pelos vistos, está tudo bem na instituição. Recuso-me envolver em polémicas nem as alimento, fazendo apenas um pedido: não me coloque, senhora professora doutora, num patamar da irresponsabilidade ou da libertinagem primária, mesmo que tenha notado no seu e-mail uma estranha intenção de “raspanete” moralizador. E se, depois de tudo isto, entende que deve mover queixa crime, que o faça. Está no seu direito. Este blogue tem um rosto e tem uma coerência. Não usamos anonimatos, não enxovalhamos ninguém, criticamos, admito que por vezes com contundência excessiva, mas falamos de factos, com verdade. Quanto muito as pessoas concordam ou discordam. Que mais lhe posso dizer?