sexta-feira, julho 04, 2008

Uma clarificação

Há momentos em que, por incompetência de quem escrevem, neste caso minha, ou por incorrecta e insuficiente maneira de colocar as coisas, ficam umas “pontas” que muitas vezes podem gerar deturpações ou manipulações. E vamos ao que me importa: eu reafirmo que acho que hoje não faz sentido nenhum que o Estado tenha participação em jornais, mas isso não me impede de entender também que deve ser encontrada uma solução para o Jornal da Madeira, a qual deve ser conseguida com tempo e com a estabilidade necessária à salvaguardar postos de trabalho. Seria dramático que, depois deste envolvimento de várias décadas da região na empresa, por causa de uma lei – caso se confirme a sua constitucionalidade – o Governo da Madeira esquecesse as suas responsabilidades lavando as mãos – algo que eu tenho a certeza que nunca acontecerá, pelo menos enquanto Alberto João Jardim for Presidente do Governo (e é bom que as pessoas comecem a perceber que uma coisa é o executivo com Jardim na sua liderança, outra coisa é um executivo, sem Jardim…), até por razões humanas e sentimentais que resultam do facto de ter sido director do periódico – e permitindo que a empresa fosse pelo “cano abaixo” indiferente aos dramas humanos que isso acarretaria. O DN do Funchal limitou-se, perante os efeitos que a situação estava a causa em termos de receitas – e o impacto começou a ser significativo – a defender os seus interesses, socorrendo-se na lei da concorrência, tendo optado por uma via negocial, em vez de recorrer directamente aos tribunais. Não há qualquer crítica subjacente até porque cada um defende os seus interesses, ainda por cima num quadro de concorrência. Já não percebo bem – mas isso dirá respeito à concorrência gráfica qual a justificação para o envolvimento em apostas empresariais, por exemplo, numa gráfica, quando é sabido que a imprensa, sem excepção, tem registado quedas nas tiragens, reflexo da própria crise no país. Tenho a certeza que o “Liberal” – que não escapa imune a esta crise - estará mais habilitado a reflectir sobre um assunto que lhe diz respeito, até porque não acredito que uma gráfica, seja ela qual for, sobreviva imprimindo apenas um jornal…
Mas eu também acho que o Estado não tem que estar envolvido na televisão, e que o “serviço público” é um bluff, já que não passa de uma figura constitucional consagrada num determinado período revolucionário e numa conjuntura na qual não existiam empresas ou televisão privada. Hoje o Estado gasta milhões no apoio compensatório à televisão e cai no ridículo de produzir legislação, quando não me parece que tenha moral para isso, proibindo-se a si próprio ou a instituições dele dependentes - de se envolverem em projectos editoriais de imprensa. Eu até acho bem, mas faz sentido que o Estado tenha uma televisão, uma rádio e uma agência de notícias, tudo em nome de um ”serviço público” que todos sabemos o que significa e para que serve?

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