quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Sondagem: Montenegro mais competente, Pedro Nuno à frente para primeiro-ministro

Estudo de opinião do Cesop coloca presidente do PSD e líder da AD à frente em características como competência e honestidade, mas secretário-geral do PS ganha por um triz para primeiro-ministro. A sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 é muito favorável a Luís Montenegro relativamente a Pedro Nuno Santos em quase todos os itens. O líder do PSD está à frente na percepção sobre a competência (41% versus 33%), honestidade (41% contra 28%), confiança (43% para Montenegro e 32% para Pedro Nuno).

Na verdade, a percepção dos inquiridos é sempre mais positiva em relação ao presidente do PSD do que ao secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos só está à frente de Luís Montenegro numa das perguntas: “Qual dos dois lhe parece mais bem preparado para exercer o cargo de primeiro-ministro?” A esta pergunta, 39% por cento dos inquiridos respondem que o mais bem preparado é Pedro Nuno Santos, enquanto 38% dizem ser Montenegro. A diferença é mínima e estará na classificação de “empate” usada em sondagens, atendendo à margem de erro.

Apesar da diferença ser residual, é interessante por contrastar com a vantagem do presidente do PSD obtida em quase todas as outras perguntas sobre a percepção dos inquiridos. É possível que a experiência governativa de Pedro Nuno Santos (secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares entre Novembro de 2015 e Fevereiro de 2019 e ministro das Infra-Estruturas de Fevereiro de 2019 até Dezembro de 2022) tenha feito a balança pender a favor do secretário-geral PS, uma vez que Luís Montenegro não tem experiência executiva. Durante o Governo Passos-Portas, Montenegro não fez parte do executivo e ocupou o cargo de líder parlamentar do PSD.

A outra questão em que aparecem quase taco a taco, desta vez com vantagem para Montenegro, é a pergunta relativa à percepção da capacidade de combater a pobreza: 37% dos inquiridos percepcionam o presidente do PSD como “mais capaz de combater a pobreza”, enquanto 36% defendem que o melhor para essa tarefa é Pedro Nuno Santos.

E se o secretário-geral do PS está à frente na percepção sobre ser “o mais bem preparado para exercer o cargo de primeiro-ministro”, já o presidente do PSD fica à frente quando se pergunta aos inquiridos “qual dos dois tem mais capacidade para formar um governo com ministros bem preparados e disponíveis para defender os interesses do Estado e dos cidadãos”.

Nesta pergunta sobre a capacidade de se rodear de uma equipa “bem preparada”, Luís Montenegro é considerado o melhor por 45% dos inquiridos, enquanto Pedro Nuno Santos só recolhe 33% das preferências.

O presidente do PSD também é visto como mais capaz de “defender os interesses do Estado” do que o secretário-geral do PS. À pergunta “qual dos dois lhe parece mais capaz de defender os interesses do Estado”, 42% do universo dos inquiridos pensam que é Luís Montenegro, enquanto apenas 36% acham que é Pedro Nuno Santos.

Esta é uma das perguntas em que a resposta “nenhum” teve menor adesão: apenas 12% acham que nenhum defende os interesses do Estado, assim como só 11% acham que “nenhum” é capaz de formar um governo com ministros bem preparados. Também apenas 11% acham que “nenhum” é capaz de “promover o crescimento económico do país”.

Os níveis mais altos de resistência aos líderes dos dois maiores partidos aparecem nas percepções sobre competência (17% acham que nenhum é competente), honestidade (17%) e confiança (18% dos inquiridos respondem “nenhum”).

O desgaste dos últimos oito anos do Governo PS em sectores como a saúde e educação podem, em parte, explicar um dos mais baixos scores de Pedro Nuno Santos na sondagem. À pergunta “Qual dos dois lhe parece mais capaz de resolver os problemas da saúde e da educação”, só 31% dos inquiridos apostam em Pedro Nuno Santos, enquanto 42% preferem Montenegro. “Nenhum” é a resposta de 17% da amostra.

O melhor score de Montenegro é conseguido na pergunta “Qual dos dois lhe parece mais capaz de promover o crescimento económico do país?”. Um total de 45% dos inquiridos acha que o presidente do PSD é favorito para essa tarefa e só 33% apostam no secretário-geral do PS.

Os investigadores propuseram ainda aos inquiridos uma espécie de jogo em que cada um dizia a primeira palavra que lhe viesse à cabeça sobre cada um dos candidatos que lideram partidos com representação parlamentar. A palavra “não” era a maioritária, embora a percentagem relativa não dê para tirar conclusões.

Para chegar a essa “palavra”, os inquiridos foram confrontados com uma lista dos líderes partidários às próximas legislativas. Os resultados permitem avaliar o grau de notoriedade: 56% dos inquiridos “não sabem quem é” Rui Rocha, o líder da Iniciativa Liberal, 44% desconhecem Rui Tavares, o co-líder do Livre, 43% não sabem quem é o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

Só 4% dos entrevistados afirmaram desconhecer André Ventura, que regista maior notoriedade do que os líderes de PS e PSD. Uma percentagem maior dos inquiridos – 8% – não sabe quem é Luís Montenegro ou Pedro Nuno Santos.

Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena1 e Público entre os dias 24 de janeiro e 1 de Fevereiro de 2024. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1192 inquéritos válidos, sendo 45% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 20% do Centro, 32% da A. M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 5% do Algarve, 2% da Madeira e 3% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base nos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 30%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1192 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.

* Foram contactadas 3917 pessoas. De entre estas, 1192 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário (Publico, texto da jornalista Ana Sá Lopes)

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