Portugal é um dos países menos eurocéticos da União Europeia, com uma exceção: o Alentejo, onde nas eleições legislativas de 2022 registou 25% dos votos num partido anti-UE (CDU). No entanto, indicou o jornal ‘Público’, o euroceticismo é prevalente no mundo rural e pode mesmo vir a ganhar lastro a nível nacional. Esta é uma das conclusões do estudo ‘Áreas rurais e a geografia do descontentamento’, da Comissão dos Recursos Naturais do Comité das Regiões Europeu, que destacou a tendência crescente do voto eurocético em zonas rurais, após uma análise aos resultados das eleições nacionais em diversos países europeus. Os autores do estudo apontaram que “é mais provável” que o apoio eleitoral a partidos anti-Europa ocorra “em áreas rurais do que nas urbanas e intermédias” devido a razões como oportunidades económicas limitadas, desenvolvimento económico estagnado, desafios demográficos, baixa educação e desinformação ou imigração elevada. No entanto, também as políticas da UE sobre a PAC (Política Agrícola Comum), as alterações das regras do bem-estar animal ou os acordos de comércio com países fora da UE têm “impactos desproporcionados nas zonas rurais”, ao mesmo tempo que criam “desafios socioeconómicos e culturais que podem relacionar-se com padrões de voto eurocético”. Portugal é um dos cinco Estados-membros em que apenas uma região registou 25% dos votos num partido eurocético, sendo que a maioria dessas regiões seja rural (16 em 25). O Alentejo – em particular o Baixo Alentejo – registou 31% de votos anti-UE. A CDU foi o segundo partido mais votado no círculo eleitoral de Beja, a seguir ao PS, já no Alentejo Central e Litoral registou-se 24 e 22% dos votos, respetivamente. Este voto pode, no entanto, alastrar-se ao restante território nacional, apontaram os autores do estudo, que recomendaram que a UE use a visão a longo prazo para as zonas rurais como “roteiro” para responder aos desafios dessas regiões, “prevenindo o isolamento e aumentando o emprego, a conectividade, a demografia e o desenvolvimento”
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