segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Sondagem: Eleitores entre o "forte e decidido" e o "honesto e confiável"

Líder socialista leva vantagem sobre o social-democrata numa lista de 13 atributos pessoais e políticos. Mas há um país partido a meio entre mais novos e mais velhos. Pedro Nuno Santos é mais “forte e decidido” (41%) e “inteligente” (40%); Luís Montenegro conhece melhor “os problemas que os portugueses enfrentam” (36%) e é mais “honesto e confiável” (32%). De acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF em que se questionou os portugueses sobre um conjunto de características e qualidades pessoais e políticas, há algum equilíbrio entre os dois grandes candidatos a primeiro-ministro, mas com a balança a pender para o lado do socialista.

No entanto, quando a análise se centra nos diferentes grupos populacionais, o que sobressai é uma profunda divisão: Montenegro está ancorado entre os que residem na Região Norte e os que fazem parte dos dois escalões sociais mais desafogados; Santos domina entre os que vivem nas regiões de Lisboa e Centro e entre os dois escalões mais pobres. A divisão é ainda mais evidente quando se tem em conta a idade: o líder da AD vence todas as categorias entre quem tem 18 a 34 anos; o líder do PS é o campeão indiscutível entre os mais velhos (com a notável exceção da honestidade, em que até estes preferem Montenegro). Dos 13 atributos em que os portugueses foram “obrigados” a escolher entre os dois grandes candidatos a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos bate o rival social-democrata em sete deles, com destaque para o facto de ser “um líder forte e decidido” (vantagem de 11 pontos percentuais), ser “inteligente” (mais dez pontos) e partilhar “os mesmos valores” que o inquirido (mais sete pontos).

Finalmente, há cinco características e qualidades políticas e pessoais em que é Luís Montenegro quem leva a melhor, com destaque para ser mais “honesto e confiável” (cinco pontos de vantagem sobre o socialista) e o facto de conhecer melhor “os problemas que os portugueses enfrentam” (mais dois pontos). Há ainda um empate na afirmação de que qualquer deles “tem um plano claro para resolver os problemas do país”.

Registe-se, no entanto, que em três casos a maior percentagem foi para os inquiridos que recusaram esse atributo a qualquer dos dois líderes: concretamente quando se perguntou quem era mais “honesto e confiável” (41% de recusas), qual deles iria “cumprir as promessas de campanha” (47%) e se “é alguém que eu admiro” (49%). Três segmentos da amostra destacaram-se nestas recusas: as mulheres, os que têm entre 35 e 49 anos e os da classe social com maiores rendimentos.

Divisão entre gerações

O equilíbrio é a norma, quando se têm em conta os resultados globais: em oito dos 13 atributos a diferença entre Santos e Montenegro não ultrapassa os três pontos percentuais. Mas esse equilíbrio é apenas aparente. Quando se analisam as respostas de cada segmento da amostra (por regiões, por idades e por classes sociais), há divisões muito acentuadas. A mais evidente é a geracional.

O líder socialista tem a regularidade de um relógio suíço em todos os atributos: quanto mais velho o cidadão, mais a balança pende para o seu prato, atingindo o ponto máximo entre os que têm 65 ou mais anos, em particular quando valorizam o líder “forte e decidido” (53%), a “clareza” no discurso (51%) ou a inteligência (48%).

O líder social-democrata não tem a mesma regularidade ao longo da pirâmide etária, mas vence em todos os atributos entre os mais jovens (18 a 34 anos), com destaque para a preocupação “com as necessidades” das pessoas (47%), o facto de se expressar com “clareza” (46%) e o de ter “um plano claro para resolver os problemas do país” (42%).

Fronteiras de classe

Quando o ângulo de análise é a distribuição geográfica, Luís Montenegro revela-se particularmente convincente para quem vive na Região Norte, onde obtém sempre os melhores resultados (em dois casos, na Área Metropolitana do Porto), em particular no conhecimento que revela dos “problemas dos portugueses” (44%). Pedro Nuno Santos tem o bastião de popularidade mais para sul, em particular na Região de Lisboa, mas também no Centro, que é aliás onde tem a percentagem mais elevada: 46% acham que é “inteligente”.

Quando se avaliam os resultados entre as quatro classes sociais em que se divide a amostra, também há uma fronteira: o socialista tem os alicerces mais fundos entre as duas com menores rendimentos e em particular nos que estão no fundo da escala (47% elogiam-lhe a “clareza” do discurso); o social-democrata é mais valorizado nas duas com melhores rendimentos, com destaque para a classe média, que lhe reconhece o “conhecimento dos problemas” e a “simpatia” (41% em ambos). 

Ventura em vantagem nos debates

Quando a maratona de debates entre os oito líderes dos partidos com assento parlamentar ia a meio, havia três que se destacavam na apreciação dos portugueses: André Ventura (20%), Luís Montenegro (19%) e Pedro Nuno Santos (17%). De acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, foram estes os que revelaram melhor desempenho nos sucessivos frente a frente. Ao analisar-se os segmentos por voto partidário percebe-se melhor a vantagem do presidente do Chega: os seus eleitores são os mais fiéis, uma vez que 84% o apontaram como vencedor. Os eleitores do PSD foram bastante menos generosos com Montenegro (45%) e os do PS ainda menos com Santos (32%). O liberal Rui Rocha (10%) e a bloquista Mariana Mortágua (9%) ficam a alguma distância. Seguem-se Rui Tavares, do Livre (7%), Inês Sousa Real, do PAN (4%), e, a fechar a tabela, Paulo Raimundo, da CDU (2%) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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