domingo, maio 01, 2022

Cinco maiores bancos pagaram mais de 25 milhões de euros aos administradores


O custo dos principais bancos em Portugal com os seus conselhos de administração praticamente não sofreu alterações em 2021. Entre os presidentes executivos, o mais bem pago é o líder do Santander, Pedro Castro e Almeida. Os salários dos líderes dos cinco maiores bancos em Portugal caíram em 2021. Entre remuneração fixa e variável, os presidentes executivos do BCP, BPI, CGD, Novo Banco e Santander ganharam 3,5 milhões de euros, menos 1,5% face aos cerca de 3,6 milhões auferidos em 2020. Já o total das remunerações dos conselhos de administração ficou praticamente inalterado face a 2020. Foram atribuídos cerca de 25,5 milhões de euros, um valor ainda abaixo dos 26,5 milhões que se verificavam antes da pandemia. Em 2020, foram vários os alertas emitidos pela Comissão Europeia, a Autoridade Bancária Europeia e o Banco Central Europeu para os bancos limitarem as remunerações devido à incerteza económica. Mas, com a economia a sair da crise em 2021, alguns bancos decidiram melhorar a remuneração dos seus administradores. Foi o que ocorreu no Santander e no BCP.

No caso do banco de capitais espanhóis, o total das remunerações atribuída aos seus 14 administradores, em 2021, foi de 6,5 milhões de euros, mais 1,88 milhões que no ano anterior. Essa melhoria explica-se pelo maior peso da componente variável, que representou 2,6 milhões de euros.

Já no BCP, os 17 elementos da administração receberam quase 7,5 milhões de euros em 2021, uma subida de quase 430 mil euros em relação ao ano anterior. A explicação reside também no regresso da componente variável, após esta não ter sido distribuída no primeiro ano da pandemia.

Mas em alguns casos houve descidas. No BPI, os 15 administradores do banco receberam este ano 4,9 milhões de euros, menos cerca de 2 milhões do valor auferido em 2020, que incluiu prémios referentes a exercícios anteriores. No entanto, após terem renunciado aos prémios, os responsáveis do banco não receberam remuneração variável em 2021.

Os bancos com os conselhos de administração menos dispendiosos são o Novo Banco - 3,1 milhões de euros, não contando com os 1,6 milhões de prémios propostos - e a Caixa Geral de Depósitos, que comunicou um encargo de 3,4 milhões com os administradores.

O maior cheque

Analisando as remunerações individualmente, Pedro Castro e Almeida, responsável pela operação do Santander em Portugal, foi o mais bem pago em 2021, um título que pertencia ao CEO do BCP até 2020. E foi o único presidente executivo dos cinco maiores bancos a ultrapassar o patamar de um milhão de euros. Pelo seu desempenho no ano passado, foi pago um salário fixo de 513 mil euros (valores sem impostos). A este montante acrescem mais 539 mil euros de remuneração variável atribuída, que será paga em numerário (261 mil euros) e em ações do banco (278 mil) que terão de ficar retidas pelo menos um ano. O líder do banco viu ainda ser-lhe atribuída remuneração variável que será paga de forma faseada nos próximos anos e que está dependente de objetivos.

Ao líder do BCP, Miguel Maya, foram atribuídos 947 mil euros, entre salário fixo e variável, incluindo 130 mil euros de complemento de reforma. Trata-se de uma ligeira queda face aos 1,04 milhões verificados em 2020, mas um aumento face aos 888 mil euros atribuídos em 2019. A diferença dos valores atribuídos prende-se com a remuneração variável, até porque o salário fixo, no valor de 650 mil euros, tem sido constante.

Em terceiro lugar entre os CEO mais bem pagos surge João Pedro Oliveira e Costa. O sucessor de Pablo Forero aos comandos do BPI ganhou 743 mil euros e tal como o restante board não teve qualquer remuneração variável.

Ao líder do Novo Banco foi atribuído um salário de 410 mil euros pelo desempenho do ano passado, que ainda pode vir a engordar, tendo em conta que banco propôs prémios à administração no valor de 1,6 milhões de euros referentes a 2021, o primeiro ano em que a instituição registou lucros, embora tenha pedido uma nova injecção de capital ao Fundo de Resolução.

À espera de Bruxelas

A distribuição do "bolo" de 1,6 milhões de euros pelos membros da administração não foi detalhada, não sendo conhecida a fatia que caberá a António Ramalho. Mas soma-se aos prémios de 1,86 milhões de euros propostos em 2020 e aos 1,99 milhões em 2019. Os quase 5,5 milhões de euros em prémios propostos nestes três últimos anos, dois dos quais com o banco a registar prejuízos, só poderão ser pagos após o aval da Comissão Europeia à conclusão do plano de reestruturação do Novo Banco desenhado em 2017.

Por fim, o presidente executivo do banco público, Paulo Macedo, manteve o salário fixo de 423 mil euros. E tal como aconteceu em 2020, os membros executivos da CGD não tiveram remuneração variável relativamente ao exercício de 2021, "estando tais pagamentos ainda dependentes de decisão do acionista da Caixa", leia-se o Estado, como informou a instituição no relatório e contas (DN-Lisboa, texto da jornalista Sara Ribeiro)

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