sexta-feira, maio 28, 2010

Moody's poderá decidir cortar o rating de Portugal


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Ainda sobre este assunto li no Diário Económico que "Portugal até poderá conseguir reduzir o défice orçamental para 3% do PIB , até 2013, como está previsto. Mas nada será como dantes, porque o nível de dívida colocará o país noutro patamar. Este foi o alerta deixado ontem pelo vice-presidente da Moody's, Anthony Thomas. A agência de ‘rating' está, presentemente, a avaliar a possibilidade de descer a notação da República em um ou dois níveis, face aos actuais Aa2. "Estamos confiantes que o Governo conseguirá reduzir o défice para 3%, mas mesmo que o faça, Portugal deixa de ser um país com um reduzido nível de dívida para passar a ter um nível médio, o que vai alterar o seu intervalo de ‘rating'", disse Anthony Thomas, que esteve ontem em Lisboa numa conferência da Associação Portuguesa de Seguros. Quer isto dizer que Portugal poderá ver o seu ‘rating' cair para Aa3 ou A1, notas que ainda estão fora da categoria de risco que se inicia na letra B e onde a Grécia, por exemplo, se encontra. Não será por isso "uma mudança radical de ‘rating'", garantiu, mas "teremos de reposicionar Portugal quando sair da crise, ao contrário de Espanha que permanecerá AAA".O analista que segue a economia portuguesa garante que a agência reconhece o esforço que o Executivo está a fazer para tentar controlar as contas públicas, mas recusa-se a formular uma avaliação ao caminho escolhido por José Sócrates para o conseguir. "Somos agnósticos", disse quando questionado se o plano de austeridade deveria ter mais medidas do lado da despesa. O "ponto-chave" na avaliação que está actualmente a decorrer é o Governo está a fazer para melhorar a competitividade" da economia portuguesa. Relembrando que não conselhos sobre as políticas que os Executivos devem seguir, Anthony Thomas reconhece, porém, que "o consenso é de que Portugal tem de melhorar a produtividade, a competitividade e controlar custos". "Quanto mais competitiva for uma economia mais crescerá e mais facilmente sairá do problema de endividamento", frisou. A avaliação do ‘rating' de qualquer país reside não só na força das instituições - "que não é um grande problema em Portugal" - mas também na capacidade dos governos implementarem as suas políticas. E aqui, a Moddy's reconhece que a "eficiência do Governo é mais fraca", do que face à legislatura anterior quando o PS detinha maioria no Parlamento. Outro dos factores negativos que pesam sobre Portugal, sublinhou Anthony Thomas, é a "lentidão do processo legal". A Moody's garante que não revê em baixa o ‘rating' de nenhum país "porque este está em dificuldades", mas antes "se pensar que não será capaz de sair das dificuldades". E em Portugal há dúvidas. Até porque o facto de "grande parte da dívida portuguesa é detidas por instituições fora da UE" levanta a questão: "Estão dispostas a manter a dívida?", perguntou. Só no início de Agosto, "ou desejavelmente antes", será possível saber se a Moody's corta um ou dois níveis ao ‘rating' da República, arrastando consigo os bancos, as empresas públicas e autarquias que passaram a ter maiores dificuldades de financiamento”.

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