quarta-feira, julho 09, 2025

Europa diz “basta” aos turistas: protestos, greves e mangueiradas estão a aquecer ainda mais o verão

O verão de 2025 está a ser marcado por uma onda crescente de protestos contra o turismo de massas em vários pontos da Europa, à medida que cidades e ilhas tentam lidar com a pressão provocada pelo regresso em força dos visitantes após a pandemia. Em Barcelona, manifestantes atiraram jatos de água sobre turistas. Em Maiorca, milhares saíram às ruas para exigir o fim do turismo excessivo. Em Paris, greves no Louvre deixaram visitantes sem acesso à Mona Lisa. E até o casamento de Jeff Bezos foi forçado a mudar de local em Veneza, devido a protestos que acusavam o magnata de “tomar conta da cidade”, revela a ‘Bloomberg’. Com cerca de 756 milhões de turistas em 2024, os impactos da sobrecarga são cada vez mais visíveis. Desde aumento do custo de vida e escassez de habitação, até pressão sobre recursos naturais e degradação do património, muitos residentes sentem que a vida quotidiana está a tornar-se insustentável.

As críticas centram-se também no alojamento de curta duração, com plataformas como Airbnb, VRBO e Wimdu a serem acusadas de retirar habitação do mercado de arrendamento. Em cidades como Lisboa, Berlim ou Porto, os habitantes dizem estar a ser empurrados para fora por turistas ou nómadas digitais com maior poder de compra. A resposta tem passado por limites ao alojamento turístico, taxas de entrada, restrições à construção de novos hotéis e promoção de destinos alternativos. Veneza, por exemplo, já cobra uma taxa de até 10 euros para quem visita a cidade nos dias de maior afluência. Outras cidades, como Barcelona ou Amesterdão, estão a restringir novas licenças de alojamento local e a proteger lojas tradicionais.

Ainda assim, os resultados têm sido limitados. Muitos dos regulamentos são difíceis de fiscalizar, e os impostos nem sempre conseguem reduzir o fluxo de visitantes. Segundo especialistas, só aumentos muito significativos nos custos teriam impacto real. Apesar do descontentamento, os governos continuam a apostar no setor. Em países como a Grécia, o turismo é uma fonte vital de receita: só em 2024, o setor gerou 42,7 mil milhões de euros para a economia grega. Por isso, cortar o número de turistas seria, para muitos, economicamente inviável (Executive Digest)

Sem comentários: