Marcelo Rebelo de Sousa fez bem em manter o Governo em funções (54%), mesmo que António Costa tenha feito mal em manter João Galamba (73%). Mas o primeiro-ministro deve fazer uma remodelação profunda do Executivo (79%). São as conclusões de uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, que também revela um país dividido quanto às hipóteses de sobrevivência do Governo até ao final da legislatura: 44% acreditam que se aguentará até outubro de 2026, 42% adivinham que o presidente da República o demitirá antes.
A maioria dos portugueses não queria eleições
antecipadas e acha que o presidente fez bem em resistir aos apelos para
resolver a crise política através da "bomba atómica". Manter o atual
Governo em funções é, aliás, a solução preferida da maioria dos segmentos
partidários da amostra, incluindo os eleitores do PS (71%) e os do PSD (40%).
Ainda assim, há pelo menos 40% de inquiridos que preferiam ou a demissão do
Executivo, forçando António Costa a apresentar um novo elenco (18%), ou a
solução mais radical de dissolver a Assembleia da República, forçando uma ida
às urnas (22%). Esta última seria a melhor opção para os eleitores do Chega e
Iniciativa Liberal.
Remodelação no Governo
Se a maioria prefere a manutenção do Governo em funções, isso não significa que esteja de acordo com as decisões de António Costa. Bem pelo contrário. Isso percebe-se, desde logo, no que diz respeito à demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, na sequência do "deplorável" episódio ocorrido no seu gabinete: 73% defendem que deveria ter saído, incluindo os eleitores socialistas (64%).
Outro sinal de insatisfação é o facto de serem
ainda mais (79%) os que pedem uma remodelação profunda do Governo (73% entre
quem votou no PS). Seria um bom remédio para António Costa ultrapassar a crise
política (69%), dizem. Mesmo que a maioria considere que o líder socialista
fica prejudicado de forma permanente pelos sucessivos episódios relacionados
com o caso TAP (51%). Só os eleitores do seu partido acreditam que será um dano
passageiro (49%), ou que não há qualquer dano para a imagem do
primeiro-ministro (14%).
Queda com europeias
Talvez seja a crença maioritária de que o dano
para António Costa será permanente que explica a divisão de opiniões quanto à
capacidade de o Governo cumprir o seu mandato até ao fim. Mesmo que a maioria
esteja de acordo com a continuidade do Executivo (54%), são muito menos os que
acreditam que a legislatura será cumprida (44%), apenas mais dois pontos
percentuais do que aqueles que adivinham, nesta altura, um fim precoce (42%).
Aliás, essa é a previsão (ou desejo) maioritária entre os eleitores do PSD
(64%), mas também do Chega, do Bloco e dos liberais.
Quando se pergunta a esses 42% de inquiridos qual
será, então, a altura em que o Governo acabará por ser demitido pelo presidente
da República, a maioria (51%) inclina-se para o período que se seguirá às
eleições europeias, no caso de os socialistas serem derrotados de uma forma
clara. Mas há ainda um lote significativo (37%) que acredita que será já no
próximo mês de julho, assim que sejam conhecidas as conclusões da Comissão de
Inquérito Parlamentar à TAP.
PORMENORES
Divisão geracional
São os mais velhos os maiores defensores da
decisão do presidente de manter o Governo em funções (81%). Ao contrário, os
mais novos (18 a 34 anos) preferiam a dissolução do Parlamento e a convocação
de eleições (41%).
Insatisfação no PSD
Os eleitores sociais-democratas são os mais
insatisfeitos com a manutenção de João Galamba como ministro das
Infraestruturas (88%), depois do escândalo que envolveu o seu gabinete, incluindo
o episódio da recuperação de um computador pelo SIS.
Danos de imagem
Os eleitores mais à Direita mostram-se mais
convencidos de que os danos de imagem do caso TAP serão permanentes para
António Costa: 77% dos que votam na Iniciativa Liberal, 72% no Chega e 71% no
PSD.
Diferenças de género
Quando se trata de medir a capacidade de este Governo durar até ao fim da legislatura, há uma diferença entre homens e mulheres: eles inclinam-se para que o mandato seja cumprido até ao fim (48%), elas adivinham um fim precoce (43%) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)
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