sexta-feira, junho 16, 2023

Jornalismo: Quadros avançam para compra da Cofina

Jornalistas e quadros da Cofina Media vão mesmo avançar para a compra do grupo que controla CMTV, “Correio da Manhã”, “Negócios”, “Sábado” e “Record”. Ainda não fizeram uma proposta formal a Paulo Fernandes e aos restantes acionistas mas preparam-se para o fazer dentro de poucos meses, assim que acabarem de montar o financiamento. Garantem que “não haverá espaço para investidores de perfil político ou de qualquer outra índole”. Luís Santana, que até 2021 esteve na administração da Cofina e se mantém como administrador da Cofina Media, é um dos rostos desta proposta — uma operação conhecida pela expressão inglesa management buy-out (MBO) — à qual se associam também, entre outros, Ana Esteves, a administradora financeira, e Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Cofina Media. Já estão no terreno à procura de financiamento, que também terá uma contribuição própria. “Estamos a trabalhar na proposta, que deverá ser apresentada ao acionista nos próximos meses”, explica ao Expresso Ana Esteves, também ex-administradora financeira da RTP.

A gestora avança que “a operação de compra será alavancada numa estrutura de financiamento assente em capitais próprios dos proponentes, financiamento junto das instituições financeiras e investidores qualificados que partilhem da visão de sucesso, rentabilidade e independência jornalística”. Além dos quadros da empresa, haverá, explica, “oportunidade para outros investidores idóneos”. E esclarece: “Temos tido várias manifestações de interesse, com quem estamos a desenvolver negociações.” Paulo Fernandes, sabe o Expresso, pondera manter-se como acionista se o MBO avançar. Ana Esteves é clara: “A Alpac Capital [acionista do ‘Nascer do Sol’] não está, nem virá a estar, entre os investidores do MBO. De igual forma não haverá espaço para investidores de perfil político ou de qualquer outra índole.”

Ana Esteves e Luís Santana têm estado a bater a algumas portas, uma delas, sabe o Expresso, é o fundo liderado por Sérgio Monteiro, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, o Horizon, detido em conjunto com Carlos Moreira da Silva. O objetivo é levantar no mercado cerca de €30 milhões, segundo avançou o “Eco”. Valor que Ana Esteves não confirma.

Luís Santana assegura que o MBO tem como objetivo “manter a independência” e credibilidade dos meios da Cofina. Afirmou, porém, em comunicado, que “está consciente que haverá forças que se movem para prejudicar esta operação”, mas não disse quais. Defendeu que isso “não constitui uma surpresa, tendo em conta que há interesses que se movimentam no sentido de reduzir ou anular os media independentes, corajosos e ao serviço dos leitores e da sociedade”. Com o avanço do MBO, a aproximação da Media Capital à Cofina fica comprometida.

A mais recente hipótese de um entendimento foi noticiada em março, depois de a Media Capital ter mudado radicalmente de estrutura acionista com a saída da espanhola Prisa e a entrada de investidores portugueses encabeçados por Mário Ferreira. A 22 de maio Pedro Morais Leitão, presidente executivo da Media Capital, em entrevista à agência Lusa, classificou as negociações como “um tema abstrato. Desde que entrei aqui nunca me sentei com a Cofina”. Assunto encerrado, por agora (Expresso, texto da jornalista ANABELA CAMPOS)


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