sexta-feira, junho 16, 2023

Opinião: Partidos

Eu estou convencido que com a eleição de Mariana Mortágua para a liderança do Bloco de Esquerda, nada será como antes, caso ela conquiste a rua. Eu explico porque destaco esta que parece ser a falha da nova líder dos bloquistas. Mariana Mortágua, que chegou à ribalta pela mão de Catarina Martins, ficou conhecida pelo seu papel na comissão parlamentar de inquérito ao ex-BES e pela forma como interpelou Ricardo Salgado e antigos gestores do falido banco. Para além disso Mariana era apenas mais uma ilustre protagonista bloquista como tantos outros e tantas outras. Mariana, essencialmente uma deputada com capacidade de oratória parlamentar por todos reconhecida, goza de um espaço mediático favorável e isso dá-lhe tempo para preparar o seu "assalto" à rua, para contactar as pessoas e ser mais conhecida do que é até hoje. Se ela conseguir essa vertente muito importante, conjugando-a com as outras, acredito que o Bloco terá uma nova vida eleitoral e política com reflexos na esquerda e na dimensão eleitoral do PCP e sobretudo do PS.

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Há coisas que não entendo neste PSD de Montenegro, que passa a vida a espalhar "moralidade" na política, que exigir tudo de todos, com alguma histeria populista à mistura, mas que. depois, borra a pintura com acontecimentos perfeitamente patéticos, que chegam a meter nojo pelos seus contornos e contradição. Como é possível que um idiota útil, constituído arguido devido as suspeitas de corrupção no âmbito das suas funções autárquicas - antes de ter sido eleito deputado! - que suspendeu e bem o mandato, acaba de retomar as funções na Assembleia da República depois de ter sido acusado e constituído arguido, manchando deste modo a política em geral, o parlamento em particular e retirando ao PSD e ao seu líder muito do seu espaço de manobra e muita da autoridade moral que reivindica, para dizer o que diz, reclamar o que reclama e criticar o que critica no quadro da ética política.

Falo de um patético político de segunda ou terceira categoria no PSD, que pouco ou nada diz aos portugueses em geral, que depois de ter sido constituído arguido no âmbito da Operação Vórtex quer reassumir o seu lugar de deputado. O Pinto poderia ficar nessa situação por um período máximo de seis meses. Mas nem espero tanto. Se é verdade que o pedido de suspensão do mandato foi coordenado com o partido, tal já não aconteceu com o pedido para regressar à Assembleia da República, o que embaraçou Montenegro. Eu não acuso o líder do PSD de envolvimento nesta palhaçada, apesar da amizade entre ambos, com contornos ainda por esclarecer nalguns itens. Mas uma liderança forte não pactua com estas situações nem as tolera, pelo que só se espera que o triste protagonista desta história triste fique onde está e aguardar a conclusão do processo que o acusa e o transformou em arguido a aguardar julgamento.

É claro que Montenegro, apesar de se tratar de um aliado e amigo, não pode ser acusado de cumplicidade, até porque o PSD retirou imediatamente a confiança política ao deputado-arguido em causa. O problema é perceber como é que estas coisas ainda acontecem e que algumas elites medíocres nos partidos ainda se orientem por estes atrevimentos abjectos.

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O JM publicou recentemente uma nova sondagem centrada nas regionais, cujos resultados voltam de novo a indicar que estão errados os que acham que “isto são favas contadas”. Não são e cada vez mais serão menos. À medida que as crises se instalam – e veja-se o que aconteceu na Espanha e o impasse, antes disso, registado na Grécia – os partidos que estão no poder são fortemente penalizados porque falham nas respostas e nas prioridades que os cidadãos pretendem (LFM, texto publicado no Tribuna da Madeira)

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