sexta-feira, junho 16, 2023

Sondagem Expresso-SIC: avaliação da situação económica continua má, mas um bocadinho melhor

A situação económica continua a ser um problema para 66% dos inquiridos — 51% consideram que no último ano a situação “piorou”, 15% que “piorou muito” e mesmo 44% dos que se declaram simpatizantes do PS têm uma opinião negativa sobre a evolução da economia. Mas começa a haver sinais de alguma inversão de tendência, com uma ligeira melhoria desde março no que toca às questões do bolso. A avaliação do Governo continua, contudo, a ser muito má e com tendência acentuada. Desde setembro de 2022 que tem sido sempre negativa, “um padrão raramente observável nos anos anteriores”, segundo se lê no relatório da sondagem feita pelo ICS/ISCTE para Expresso e SIC.

Seja por ouvirem falar dos bons resultados no turismo e exportações — tema que o Governo conseguiu impor na agenda política a par da crise Galamba —, seja pelas previsões otimistas de organizações internacionais sobre o crescimento do PIB português para este ano, seja ainda pela perspetiva de aumentos salariais e baixa de impostos acenada pelo Executivo, esta sondagem mostra-nos um decréscimo considerável — de 79% para 66% — dos que consideram que a situação económica do país piorou. O relatório do ICS/ISCTE associa este decréscimo ao aumento (de 5% para 12%) dos que respondem que a situação está melhor, somado aos que acham que ficou na mesma (percentagem que subiu de 15% para 22%). Aqui, a posição ideológica conta.

Entre os eleitores de esquerda 54% dizem que a situação está pior, número que aumenta para 67% entre os que se dizem de centro e para 73% nos de direita. As mulheres (70%) também avaliam mais negativamente a evolução da economia do que os homens (60%). E os mais idosos surgem menos críticos do que os restantes grupos etários. Acima dos 65 anos, são 58% os que dizem que a situação económica piorou ou piorou muito. Número que salta para os 67% na faixa dos 45 aos 64, e atinge os 70% entre os 18 e os 44 anos.

Também na avaliação do Governo, a avaliação da esquerda é menos má do que a da direita, mas já quase metade dos eleitores (46%) do PS diz que o Governo está a fazer um trabalho mau ou muito mau. Em março eram 39%. Entre os eleitores do PSD subiu de 70% para 88% os que avaliam o Executivo dessa forma. Em termos etários, 62% dos maiores de 65 também classifica o Governo como mau ou muito mau e a percentagem ultrapassa os 70% em todos os outros grupos etários.

FICHA TÉCNICA

Sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 13 e 28 de maio de 2023. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (5 Regiões NUTII) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 128 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida recorrendo a simulação de voto em urna. Foram contactados 3894 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 1204 entrevistas válidas (taxa de resposta de 31%, taxa de cooperação de 42%). O trabalho de campo foi realizado por 52 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 1204 inquiridos é de +/- 2,8%, com um nível de confiança de 95%. Todas as percentagens são arredondadas à unidade, podendo a sua soma ser diferente de 100% (Expresso, texto da jornalista jornalista Ângela Silva e Sofia Miguel Rosa, Jornalista infográfica)

Sem comentários: