quarta-feira, janeiro 12, 2022

Nota: a verdade ou neutralizar mensageiro?

O papel dos jornalistas é, e acredito que de uma maneira geral assim seja, o de prestar informações verdadeiras e úteis aos cidadãos sobre o covid19, sem pretenderem, nem terem sequer essa veleidade, de forçarem seja quem for a tomar decisões ou a fazerem opções, quer no seu caso, quer nos dos seus familiares, sobre o combate à pandemia e o que deve ser feito para acelerar esse desiderato. Cada um que trate de si e que faça o que achar que é melhor para si, família, amigos e a comunidade onde se integra. O papel dos meios de comunicação e daqueles espaços nas redes sociais que encaram com seriedade, isenção e verdade esta pandemia, é apenas esse, fornecer informação verdadeira e não distorcida, condicionada ou manipulada e tentar desvendar, quando for caso disso, as causas de certas decisões ou omissões. Portanto quando se tenta incentivar a lógica, antiga e idiota, de que se "matarem o mensageiro" - seja de que forma for - tudo se resolve, e desta forma conseguem manter as pessoas afastadas da verdade e do acesso às informações adequadas e limpas, quem assim pensa, comete um erro primário tão patético e idiota como o seu autor, seja ele poder ou um cidadão anónimo.

Recuso aceitar a ideia de que o poder, só por que é poder, tudo sabe. Há especialistas que devem ser ouvidos e respeitados nas suas opiniões científicas, mesmo que até eles não saibam tudo e possam cometer erros e contradições nas suas projecções. É natural, estamos perante um fenómeno pandémico único, novo e desconhecido. Há outros protagonistas que não percebem patavina do assunto mas que resolvem perorar para mostrarem apenas quem manda e quem tem o poder de decisão. Da parte que me toca nem hesito em afirmar: percebo zero do tema, apenas leio, acompanho, sigo debates, leio as conclusões de alguns estudos, mas isso não faz de mim um especialista em coisa nenhuma. Apenas me ajuda na gestão da informação e no critério de escolha do que devo publicar, na medida em que não sou um meio de comunicação social, apenas um espaço nas redes sociais. Que não especula sobre contradições, eventuais conflitos entre "mandões" com ideias diferentes, uns desautorizados ou não, outros mais autoritários, sobre conflitos crescentes entre as razões sanitárias e as limitações orçamentais, sobre as circunstâncias de certas medidas tomadas, alegadamente de forma desinteressada em nome da "economia a funcionar" mas que pode ter o outro lado, outras pressões e interesses e lógicas empresariais, etc. Sem falar no pavor dos números a crescente e do mapa das 5ª feiras da ECDC, há muitas semanas pintado a vermelho carregado que tanto irrita o turismo e actividades conexas devido ao impacto negativo que isso possa ter nos mercados externos. Podia fazê-lo, garanto que sim. Mas não o faço por opção pessoal. Quiçá suscitaria polémica e obrigaria a muitos esclarecimentos. Prefiro ficar distante e deixar esse campo, caso queiram, aos meios de comunicação social. Uma coisa é certa: quando pela incúria e desleixo das pessoas e muitas vezes pela omissão e precipitação de quem manda, se constata depois a pressão sobre os hospitais, sobre o número de doente internados, sobre o ritmo de mortes associadas à pandemia, e sobre o aumento dos testes, tudo isso tem um custo, não apenas o moral e da responsabilização de quem não precaveu, como lhe competia, a comunidade no seu todo, mas elevados custos financeiros que todos nós seremos obrigados as pagar. E garanto que pagamos mesmo, não há como fugir a isso.

Portanto, esta ideia peregrina de acolhermos nas redes sociais, e lhes darmos credibilidade, a uma manada de "médicos" e "especialistas" a pataco, paridos nas entranhas desta pandemia da trampa, mas que peroram diariamente sobre tudo, sobre vacinas, confinamento, imunidades e não sei que outras tretas mais, quando provavelmente nem são competentes como deviam ser, no trabalho que exercem nas suas vidas, temos que montar uma "cerca" e colocar essa gente patética no seu lugar.

Não, a pandemia não acabou, sim queremos que todos continuem a cuidar-se e dos outros, sim vamos ter a esperança que em breve conseguiremos vencer este desafio que considero, em tempos escrevi e mantenho, um dos mais desgastantes desafios com que a humanidade se confrontou e que precisa de vencer.

Se começarmos a tomar medidas disfarçadas numa "argumentação" patética inventada por quem não percebe patavina do assunto, escondendo que tudo se deve à falta de recursos financeiros (realidade que nem é regional ou nacional, ela é europeia e até global), se começarmos a dar prioridade à ocultação de números para que o tal mapa mude de cor e a tal economia funcione, então caminhamos para um pantanal de irresponsabilidade pelo qual  alguém terá que responder se assim for. Mas responder drasticamente, desde logo sendo escorraçado de onde está! Que isso fique claro. Entre construir uma estrada para servir terrenos de alguns manipuladores oportunistas ou grupos de pressão mais esfomeados ou gulosos e termos dinheiro para as despesas com a saúde, não hesitemos nunca. Que se lixe a porcaria dessa estrada (LFM)

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