Regressado à Madeira, investiu em várias áreas, do tabaco à hotelaria e à banca. Era próximo do regime de Alberto João Jardim e, por isso, há quem acredite que foi favorecido em alguns negócios. Na década de 2000, com negócios já centrados em Lisboa, consegue instalar o museu Berardo no CCB, para exibir a sua coleção de arte, a menina dos seus olhos e o seu maior motivo de orgulho. É por esta altura que começa a ser considerado próximo de José Sócrates. Nos anos seguintes será acusado de ter servido os interesses estratégicos do então primeiro-ministro, com o objetivo de controlar a banca e a economia nacional.
BCP, o negócio que lhe causou problemas
Berardo, que já tinha tido um império na bolsa de Joanesburgo, volta a ser um tubarão da bolsa. Foi acionista da Cimpor, da Teixeira Duarte, da Impresa, da Portugal Telecom, onde ajuda a travar a OPA da Sonae, até da SAD do Benfica. Mas o negócio que acaba por lhe criar problemas é o do BCP. Entra no capital quando o banco atravessa uma guerra pelo poder, e alinha com Paulo Teixeira Pinto contra a liderança de Jardim Gonçalves. O tiro sai pela culatra quando, depois da crise financeira, as ações que comprara com recurso a crédito, perdem a maior parte do seu valor, e o comendador deixa de pagar aos bancos.
Mil milhões de euros ficaram por pagar, sobretudo a BES, BCP e Caixa Geral de Depósitos. E é na comissão de inquérito sobre as dívidas ao banco público que se descobre uma manobra de Berardo para garantir que os bancos não conseguem executar as garantias e penhorar-lhe a coleção. Acusado de ter enganado os bancos e o país, o comendador foi constituído arguido. Nesta reportagem, seguimos os passos do empresário e ouvimos testemunhos de quem acompanhou a vida de Berardo, desde os primeiros negócios, da África do Sul à Madeira, a Portugal continental. Contamos-lhe a história de vida e as histórias da vida de Joe (CNN-Portugal, texto da jornalista Paula Gonçalves Martins)
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