quarta-feira, novembro 10, 2021

Universidades: Covilhã é a cidade mais barata para estudar



Dos mais de 49 mil estudantes colocados na universidade na primeira fase de acesso ao ensino superior deste ano, mais de 22 mil entraram em Lisboa e no Porto. Estas cidades têm mais estudantes, mas serão mais acessíveis quando toca a pagar as contas? Lisboa é, de longe, a mais cara. Já o Porto batalha no segundo lugar com Faro. Por outro lado, a famosa ‘cidade dos estudantes’, Coimbra, é das mais baratas para se viver, de acordo com a análise feita pelo Expresso. Mas é na Covilhã que se verificam os custos mais baixos. Há nove cidades portuguesas que têm universidades públicas (excetuando o ensino politécnico): Faro, Évora, Lisboa, Coimbra, Aveiro, Covilhã, Porto, Braga e Vila Real. O Expresso analisou, em cada uma delas, diversas variáveis que compõem o custo de vida de um estudante, desde as propinas ao quarto, passando pelo passe nos transportes públicos e pelas refeições na cantina. Coimbra, conhecida por ser a ‘cidade dos estudantes’, com a sua universidade quase milenar, é uma das mais acessíveis à carteira de um estudante — ou dos seus pais.

DAS PROPINAS AOS TRANSPORTES, A FATURA AUMENTA

Nas propinas não há que enganar, pois o valor fixado pelo Governo é igual para todas as universidades públicas: €697 ao ano, o que dá €69,7 por mês (tendo em conta os 10 meses que compõem o ano letivo), caso seja esse o método de pagamento do aluno.

É quando se passa a olhar para as restantes despesas que a fatura começa a crescer. Por exemplo, se em Lisboa e Porto um estudante do ensino superior consegue comprar o passe por €22,5, na Covilhã ele ultrapassa €25, enquanto em Braga é pouco mais que €7.

Já a alimentação é mais difícil de quantificar, mas, de qualquer forma, os preços em supermercados não variam muito entre cada cidade. Contudo, o preço da refeição nas cantinas escolares já tem algumas diferenças. Calculando o valor que um estudante pagaria em 10 refeições por mês na cantina com o valor da refeição social — o menu mais barato das faculdades, que geralmente inclui a refeição completa —, é em Faro que se encontra o valor mais caro (€29). Por outro lado, Covilhã e Braga têm o preço mais barato (€25).

ALOJAMENTO REPRESENTA ATÉ 63% DAS DESPESAS

É na parte do alojamento que as contas se começam a complicar e as faturas a engordar. Apesar de vários estudantes terem as despesas da casa incluídas no preço dos quartos — ainda que depois isso possa encarecer o valor final do mesmo —, o Expresso simulou faturas simples nos simuladores da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

Segundo as contas da ERSE para duas pessoas, o valor do gás e da luz não difere muito entre as diversas cidades portuguesas, sendo que arredondado dá mais ou menos €20 por pessoa.

Já na água as diferenças chegam aos 50%. Os dados da ERSAR referentes a 2019, e tendo em conta o consumo mensal de 10 metros cúbicos por mês, reportam o encargo mensal por município com a prestação dos serviços de abastecimento de água, saneamento de águas residuais e gestão de resíduos urbanos. Posto isto, se em Évora nem chega a €16, em Aveiro e na Covilhã ultrapassa €32.

Quanto à internet — serviço essencial para qualquer estudante, com ou sem o modelo de aulas à distância que ganhou relevância durante a pandemia de covid-19 —, o simulador varia consoante os dados indicados. Tendo em conta a utilização típica de um estudante, o pacote mais barato de internet e televisão (o mais comum) varia entre €21 e €31 por mês, aproximadamente.

De ressalvar que estes valores podem não ser os mais corretos, pois tudo irá depender do contrato feito com o senhorio — com ou sem despesas incluí­das — e do número de pessoas com quem o aluno possa dividir a casa.

Por fim, o que mais encarece a fatura no final do mês é o quarto. É essencial­mente este fator que coloca Lisboa no primeiro lugar da lista de cidades mais caras para os estudantes viverem em Portugal. Na capital, cada quarto estava a ser arrendado em setembro, em média, por €326 por mês, segundo o Observatório do Alojamento Estudantil, que tem estes dados disponíveis na plataforma online “Alfredo Student”.

Seguem-se Porto e Faro, ambas com uma média €250 por mês por um quarto. Évora, Braga e Aveiro ocupam os lugares do meio, com valores de €200, €202 e €223 por mês, respetivamente. Por fim, as três cidades com quartos mais baratos são Coimbra (€180), Vila Real (€157) e Covilhã (€150).

Contas feitas — e sem surpresa —, Lisboa é a cidade mais cara para os estudantes viverem (aproximadamente €518 por mês), logo seguida de Faro (€442), mas com uma diferença muito curta para o Porto (€432). Aliás, se se retirar da equação as despesas da casa, a “Invicta” acaba mesmo por ultrapassar a capital algarvia.

A ‘meio da tabela’ encontram-se, novamente, Braga (cerca de €367), Évora (€377) e Aveiro (€408).

No top das cidades mais baratas estão aquelas que têm o preço do quarto mais acessível: Covilhã (quase €341), Vila Real (€348) e Coimbra (€354).

Ao analisar cada categoria das despesas de um estudante, o quarto chega a representar mais de 60% do valor total. Em Lisboa, 63% das despesas vão para o quarto. Já na Covilhã, o alojamento representa ‘apenas’ 43% do valor total das despesas. Na maioria das cidades, o quarto equivale a mais de 50% do total.

É certo que os estudantes têm mais gastos do que aqueles que foram tidos em conta, como compras em supermercados, despesas com livros e material de estudo ou até na sua vida social. Porém, independentemente de qual seja a percentagem final, o dinheiro gasto mensalmente com o quarto acabará quase sempre acima dos cerca de 35% da taxa de esforço — indicador tido em conta no pedido de crédito à habitação, entre outros — recomendada pelo Banco de Portugal, o que mostra bem o peso que tem no final do mês e o peso que representa ao ter de se ir estudar para fora da cidade de origem.

NÚMEROS

22

mil estudantes ficaram colocados, na primeira fase de acesso à universidade, em Lisboa e no Porto

180

euros era o preço médio de aluguer de um quarto em Coimbra em setembro, segundo o Observatório do Alojamento Estudantil

63%

é quanto representa, aproximadamente, o valor de um quarto em Lisboa nas despesas totais de um aluno (Expresso texto da jornalista RITA ROBALO ROSA)

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