quarta-feira, novembro 24, 2021

Cerca de 30% dos médicos não fazem urgências por causa da idade



Em grande parte dos hospitais, os tempos de urgência estão a ser preenchidos por médicos internos ou especialistas mais novos. Cerca de 30% dos médicos que trabalham nos hospitais já não fazem urgências por causa da idade. Os hospitais acabam por recorrer a prestadores de serviço e também a horas extraordinárias. Entre janeiro e setembro, o Serviço Nacional de Saúde gastou 17 milhões de euros em horas de trabalho suplementar, mais 32% em relação ao mesmo período do ano passado.

Dos 14.962 médicos especialistas que trabalham nos hospitais do SNS, 30% já não fazem urgências por causa da idade. Aos 50 anos, os clínicos não são obrigados a fazer urgências noturnas e, aos 55 anos, qualquer tipo de banco. A dificuldade em preencher os tempos das urgências levou os chefes da equipa de cirurgia do hospital de Santa Maria a demitirem-se. Os profissionais admitem voltar atrás se a administração do hospital contratar mais médicos para o serviço.

CHEFES DAS URGÊNCIAS DE CIRURGIA DO SANTA MARIA DEMITEM-SE

Os dez chefes de equipa de urgência cirúrgica tinham enviado em 10 de novembro uma carta ao diretor clínico do CHULN, na qual apresentavam a sua demissão em bloco a partir do dia 22 de novembro, por considerarem que a escala de urgência de cirurgia geral não era exequível, segundo o regulamento de constituição das equipas de urgência.

Na sequência da concretização da demissão, na segunda-feira, o CHULN assegurou que "tudo fará" para manter o normal funcionamento da urgência. O centro hospitalar explicou, em comunicado, que a Direção Clínica realizou nas últimas duas semanas cinco reuniões, envolvendo os chefes da equipa cirúrgica do Serviço de Urgência Central, assim como os assistentes hospitalares de Cirurgia Geral, com o objetivo de resolver as questões levantadas pelos médicos.

MARCELO PEDE ACORDO E ORDEM DOS MÉDICOS LAMENTA A SITUAÇÃO

O Presidente da República pede um acordo entre a administração do Hospital de Santa Maria e os dez chefes das equipas de urgência cirúrgica que se demitiram, ao mesmo tempo que a Ordem dos Médicos não compreende como a administração do hospital e o Ministério da Saúde não travaram as demissões. A situação é preocupante, principalmente por se tratar de um hospital de fim de linha, diz a Ordem dos Médicos. Para a ordem, trata-se de um caso grave, uma vez que o Santa Maria é dos hospitais mais utilizados em períodos críticos, quando outros da região de Lisboa estão sem capacidade de resposta (SIC)

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