Marcelo Rebelo de Sousa está a receber hoje
representantes da comunicação social para se identificar com a realidade
financeira e económica de um sector que ele conhece bem, porque esteve
activamente ligado a ele durante décadas. Acho que fez bem em chamar todos os
envolvidos para saber a opinião de quem sabe e dispensa esmolas envergonhadas
do governo de Costa, venham elas travestidas do que for.
Estes encontros em Belém surgem numa altura
em que a comunicação social de uma maneira geral está agonizante - e a crise
não poupa ninguém - o que não deixa de constituir um perigo, pois em períodos
destes, de pandemia instalada nas nossas vidas, e com ela a ansiedade, a
incerteza, a dúvida e o medo, o pior que nos poderia acontecer era termos meios
de comunicação social a fechar uns a seguir aos outros e outros a assumirem a
impossibilidade de noticiarem a verdade com verdade e de manterem as pessoas
informadas com rigor nestes tempos de confinamento. E não entregues à
bandalheira desregulada das redes sociais e do anonimato porco de quem não dá a
cara nem assumir o que pensa, diz ou escreve. É um mundo nojento onde vale
tudo.
A compra anunciada recentemente de 15
milhões de euros em publicidade antecipada, revela um desconhecimento
deliberado daquelas que são as dificuldades concretas e mais específicas dos
meios de comunicação socia, realidade que começou muito antes da pandemia se
instalar na nossa sociedade.
Comprar antecipadamente publicidade é o
mesmo que querer comparar uma formiga e um elefante, mesmo sabendo que há uma
tremenda diferença entre ambos. Ou pensar que engana os outros quando procura
demonstrar que tal como 2+2 não é igual a 4 um pedaço de barro vale o mesmo que
ouro.
Ou seja, o governo não ajudou porra
nenhuma. Comprou antecipadamente espaço como se de um adepto de camarote de um
qualquer clube se tratasse. O que os meios de comunicação social precisam não é
de esmolas para "amansar" o sector, mas antes de são medidas fiscais
e de apoio financeiro que estabilizem as empresas e garantam a independência do
sector num tempo perigoso em que os apetites de controlo e de manipulação ou
condicionamento da informação aumentam
todos os dias, agravados ainda por gente esfomeada, escroques sem escrúpulos,
que acha que é nestas alturas de ansiedade social, de dúvida, de medo,
incerteza e de persistente incógnita quanto ao futuro que se podem comprar
meios de comunicação social em saldo. Por isso os 15 milhões de euros de publicidade,
num processo burocrático que será liderado pela ERC, apenas antecipam gastos
que o Estado ia ter, obrigatoriamente, para poder comunicar institucionalmente
com os cidadãos depois da pandemia ser neutralizada ou permitir pelo menos um
regresso cauteloso da nossa economia.
Nada disso foi feito e os apoios são
claramente deslocados da realidade, insuficientes, quiçá impróprios face ao
momento do sector, pelo que é bom que MRS tenha tido esta iniciativa. Resta
esperar pelos resultados desejados por todos para que a estabilidade regresse e
os jornalistas possam com tranquilidade exercer a sua actividade sem qualquer constrangimento,
dúvida ou sombras de instabilidade (LFM)
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