sábado, abril 25, 2020

Coronavírus detectado em partículas de poluição atmosférica

Cientistas italianos detectaram o novo coronavírus em partículas de poluição atmosférica, estando agora a investigar se este facto pode permitir que o vírus seja transportado por longas distâncias e por conseguinte, fazer aumentar o número de pessoas infectadas, de acordo com o ‘The Guardian’. A pesquisa ainda se encontra numa fase primária, não se sabendo se o vírus permanece activo em partículas poluentes e em quantidade suficiente para causar doenças infecciosas na população. Os especialistas utilizaram técnicas padrão para recolher amostras de poluição atmosférica ao ar livre, num local urbano e industrial na província italiana de Bergamo, identificando um genoma altamente específico da Covid-19 em várias amostras. A detecção foi confirmada após a realização de testes num laboratório independente. Leonardo Setti, da Universidade de Bolonha, em Itália e principal autor do estudo, referiu que era importante investigar se o vírus poderia ser transmitido de forma mais ampla através da poluição atmosférica.

«Sou cientista e estou preocupado», disse acrescentando que «se soubermos, podemos encontrar uma solução. Mas se não soubermos, só podemos sofrer as consequências», afirmou citado pelo ‘The Guardian’.
Dois outros grupos de estudo sugeriram que as partículas de poluição atmosférica poderiam contribuir para que o novo coronavírus percorresse distâncias maiores no ar.
Uma análise estatística da equipa de Setti sugere que o registo de níveis mais altos de poluição atmosférica poderiam explicar taxas mais altas de infecção em zonas do norte de Itália antes da imposição do confinamento social, uma ideia apoiada por uma outra análise. A região é uma das mais poluídas da Europa.
Estudos anteriores mostraram que as partículas de poluição atmosférica abrigam micróbios e é provável que a poluição tenha transportado os vírus que causam a gripe aviária, sarampo e febre amarela a distâncias consideráveis.
O papel potencial das partículas de poluição do ar está ligado à forma como o novo coronavírus é transmitido. Grandes gotas carregadas de vírus, vindos da tosse e espirros de pessoas infectadas caem no chão por um ou dois metros. No entanto, gotículas muito menores podem permanecer no ar durante minutos ou até horas.
Os especialistas não sabem ao certo se estas minúsculas gotículas podem causar infecções pelo novo coronavírus, embora saibam que o mesmo vírus de 2003 se propagou no ar e que o novo vírus pode permanecer activo durante horas em minúsculas gotículas.
O professor Jonathan Reid, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, está a analisar a transmissão aérea do coronavírus. «Talvez não seja surpreendente que, enquanto suspensas no ar, as pequenas gotículas possam juntar-se a partículas urbanas e serem transportadas» (Simone Silva, Executive Digest)

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