Em Marrocos, a polémica estalou nas redes sociais por
causa da rubrica de um programa matinal exibida na véspera do Dia Internacional
de Eliminação da Violência contra as Mulheres. Um canal de televisão marroquino
pediu desculpas esta quinta-feira depois da divulgação “inapropriada” de uma
rubrica sobre maquilhagem para esconder contusões de mulheres agredidas, uma
questão que tem sido fortemente criticada nas redes sociais. No Dia
Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a emissão
matinal do programa Sabahiyate, difundido pelo canal 2M, quis “mostrar o tipo
de maquilhagem a usar por uma mulher agredida”. Na rubrica via-se o rosto
falsamente inchado de uma mulher sentada num cadeirão, mas a apresentadora
avisou que não eram lesões reais, apenas “efeitos cinematográficos”.
“O verde é usado com a ajuda de um pincel para
camuflar os hematomas”, seguido de “um corrector laranja e uma base amarelada
para cobrir o olho roxo”, explicava a apresentadora, dizendo esperar ter dado
“soluções às mulheres que precisam desses conselho, para que elas possam
continuar a viver e voltar ao trabalho”. A rubrica foi para o ar na quarta-feira
de manhã e passou quase despercebid. Mas continuava na página do canal na
Internet nesta quinta-feira, onde foi visto pelos internautas, suscitando uma
avalanche de comentários críticos nas redes sociais, até que foi retirado do
site. “A 2M decidiu celebrar o Dia Internacional da
Eliminação da Violência contra as Mulheres com dicas de maquilhagem anti-golpes!”,
escreveu um internauta. “Meninas e senhoras, o canal 2M propõe-vos as soluções
para tirar o azul das vossas caras se foram alvo da ira dos vossos maridos,
pais ou irmãos”, escreveu outro. “Olhos roxos, nódoas negras, não são graves! A
maquilhagem da 2M é milagrosa”, ironiza um terceiro. Num comunicado divulgado
quinta-feira, a direcção da 2M considerou a rubrica “completamente
inapropriada” e apresentou as suas “desculpas sinceras por aquele erro de
avaliação (…) dada a sensibilidade e a seriedade do assunto”. Segundo a ONG
Human Rights Watch, “os actos brutais cometidos contra as mulheres são moeda
corrente” em Marrocos. “Um estudo realizado em 2009-2010 pelo Governo revelou
que quase dois terços das mulheres tinha já sofrido maus tratos físicos,
psicológicos, sexuais ou económicos” e que 55% das inquiridas relataram ter sido
alvo de violência doméstica” (Publico)
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