Diz o Financial Times que o Governo minoritário
socialista é mais apologista de medidas anti-austeridade do que de reformas
profundas. Se a DBRS emitir um downgrade no próximo mês, a dívida da República
deixaria de ser comprada pelo BCE e isso assustaria os investidores privados e
Portugal estaria mais perto de um segundo resgate. Num artigo de opinião
publicado no jornal Financial Times, de Tone Barber, editor para a Europa, é
dito que Portugal não foi suficientemente longe nas reformas de forma a
garantir solidez financeira. O autor diz ainda que o actual governo não é apologista
de grandes reformas. Começa por lembrar que Portugal emergiu em Maio de 2014 de
um bail-out de três anos de 78 mil milhões de euros. Apesar de ter escapado ao desastre de sair da zona
euro, Portugal não fez as reformas suficientes para garantir um sucesso
económico e financeiro duradoiro. Dois anos e quatro meses depois da saída da troika, a
avaliação que o Banco de Portugal faz à economia, revela que "Portugal
está no centro de uma tempestade perfeita de fraco crescimento económico, queda
do investimento, baixa competitividade, déficits fiscais persistentes e um sector
bancário subcapitalizado e que possui muita da dívida pública do país".
Às voltas com esse desafio está um governo socialista
minoritário, "apoiado no parlamento pela extrema esquerda", diz o FT. Aos olhos dos homens de negócios portugueses, o
governo está mais inclinado para medidas anti-austeridade que agradam às massas
do que a fazer reformas destinadas a melhorar a eficiência do sector público e
a incentivar o investimento. A questão é se os problemas de Portugal vão levar
a um segundo resgate financeiro inevitável? Pergunta o jornalista. Os
economistas da Goldman Sachs estimam que cerca de 46 por cento da dívida de
Portugal é detida pela rede da zona do euro: banco central, fundo de resolução
da UE e Fundo Monetário Internacional. Outros 14 por cento são detido por
investidores financeiros e não financeiros em Portugal, diz o FT.
Os restantes 40 por cento, diz o jornal, são detidos
por investidores fora de Portugal e que estão, compreensivelmente, apreensivos
com a possibilidade de um segundo resgate que acarrete um write-off da dívida
anterior, como aconteceu com os detentores privados de dívida grega que foram
submetidos a um hair-cut.
Também o FT volta a pôr a tónica da agência DBRS e a
revisão do rating português no próximo dia 21 de Outubro. Apenas uma das quatro
agências de notação de rating reconhecidas pelo BCE dá a Portugal a
classificação de grau de investimento que o torna elegível para compras do BCE
da sua dívida pública. Mas, diz o FT, mesmo com essa avaliação, a agência DBRS,
com sede em Toronto, deixou no ar preocupações sobre a desaceleração do crescimento
económico de Portugal. Se a DBRS emitir um downgrade no próximo mês, a dívida
da República deixaria de ser comprada pelo BCE e isso assustaria os
investidores privados e Portugal estaria mais perto de um segundo resgate
(Económico)
Sem comentários:
Enviar um comentário