Este braço-de-ferro da Comissão Europeia - uma corja de chulos não eleitos, instalados em Bruxelas ao serviço de vários interesses mesquinhos nos estados-membros, do capitalismo selvagem, dos chulecos das agências de rating e seus aliados, das redes de corruptos e de bandidos que conspurcam a banca e conseguem falir bancos com toda a impunidade e a garantir de ali serem enterrados milhares de milhões roubados pelos governos aos cidadãos e às empresas - vai acabar bem para o governo do PS. Porquê? Porque a Comissão percebe que vai ter outros problemas alguns já a caminho (casos da Espanha), porque a Comissão sabe não pode comportar-se como força de bloqueio ou pretensa destituidora de governos democráticos, e porque a Comissão dificilmente consegue explicar comportamentos diferentes para situações iguais, só porque em Bruxelas os países mais importantes, mais influentes ou mais poderosos são tratados de uma forma diferente da que é dedicada aos países mais pequenos e mais fracos e fragilizados.
Os problemas reais da Europa não têm nada a ver com Portugal e com as suas contas. Bruxelas sabe que está ameaçada pelo eventual agravamento da situação em vários países europeus ainda governados pela direita, mas que podem virar em próximas eleições, dando politicamente à UE uma dimensão de centro esquerda, e portanto uma visão dos problemas diferente daquela que é imposta neste momento. A Comissão sabe que nada pode fazer quando a França e a Itália mandam Bruxelas para a PQP e que dizem que não vão cumprir as metas do défice por causa da crise dos refugiados ou do combate ao terrorismo. A Comissão teme os resultados do referendo no Reino Unido - o que explica aquela cena patética de ontem vermos a Comissão de cócoras perante as exigências ameaçadoras de Cameron - e teme ainda mais que essa teoria se alargue a outros países. Até em Portugal começam a surgir vozes defendendo a realização de um referendo sobre a continuidade de Portugal na União Europeia, em linha com teorias semelhantes que já existem nos países do Benelux e na Escandinávia.
Não tenho grandes dúvidas que neste pretenso braço-de-ferro entre o governo português e a Comissão Europeia por causa do orçamento de estado - algo que antes não acontecia porque o governo de Passos e do CDS de Portas comportou-se sempre como um governo dependente, servil, submisso, doentiamente submisso, limitando-se a ser uma espécie de carpete vermelha onde os grandes da Europa esfregavam as solas dos seus reluzentes sapatos - os portugueses, mesmo aqueles que nunca votaram no PS ou demais partidos da esquerda, incluindo aqueles que estão contra tudo o que se passou com Costa e a sua chegada ao poder, estarão sempre contra o radicalismo e a intromissão da Comissão ou dos seus pacóvios porta-vozes, essencialmente devido a tratamentos diferentes para situações iguais. Bruxelas não quer, muito menos nesta actual conjuntura, que essas manifestações anti-europeistas, que começam a espalhar-se de forma perigosa por causa da crise dos refugiados e da instabilidade social e orçamental, se intensifique.
Aliás, não foi por acaso de o dirigente socialista, Álvaro Beleza, considerado próximo de António José Seguro, afirmou recentemente, a propósito das divergências entre Lisboa e Bruxelas, que "António Costa tem uma bomba atómica para usar em relação a Bruxelas. Portugal pode a qualquer momento pensar em fazer um referendo à participação na União Europeia. A Inglaterra vai fazer um, por que nós não podemos? Os portugueses nunca foram chamados a pronunciar-se. Se o Governo do PS tiver dificuldades pode sempre pensar se não será útil ouvir os portugueses". Já devem andar com as cuecas na mão lá para aquelas bandas... (LFM)
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