quarta-feira, janeiro 06, 2016

Nacional: Miguel Sousa vai bater com a porta?

Miguel Sousa, deputado regional e presidente da Assembleia Geral do Nacional poderá estar a preparar a sua saída dos órgãos dirigentes do seu clube, depois do violento artigo de opinião publicado ontem no DN do  Funchal e das críticas que dele constam, claramente direccionadas, também, aos dirigentes do Nacional que negociaram os contratos de venda dos direitos televisivos.
Miguel Sousa, que recentemente proferiu declarações violentas relacionadas com a falta de apoio ao golfe, modalidade que disse promover a Madeira e que a colocou em calendários europeus de prestígio, deverá assumir essa decisão, já que é mais do que evidente que depois das críticas feitas no texto de opinião - que a seguir transcreverei com a devida vénia - tal continuidade seria extraordinariamente complexa e contraditória. Foi o seguinte o texto de Miguel  Sousa que causou ontem celeuma nos meios desportivos regionais e que, segundo apurei, deverá levar o Governo Regional da Madeira a tomar algumas decisões, nomeadamente quanto a um eventual esclarecimento sobre os contratos agora assinados:
Assassinaram o futebol
Miguel de Sousa
A total irresponsabilidade e impunidade ditou o louco suicídio da Liga portuguesa de futebol.
Como é possível, 18 Presidentes da 1ª Liga e 19 da 2ª ( 5 equipas são B de equipas da 1ª ), deliberarem a centralização dos direitos televisivos dos jogos, elegerem um presidente da Liga que põe isso mesmo no topo do seu programa e, logo depois, celebrarem contratos individuais de longo prazo?
O presidente da Liga, qual nado morto, ainda não se demitiu?
E, digam-nos, o que motiva tantos presidentes de clubes, numa correria desenfreada durante o Natal de 2015, assinarem contratos que só começam no Verão de 2019?
E com que direito e legitimidade comprometem os seus (?) clubes até 2025 ou mais?
Não foi no interesse dos clubes! NÃO FOI ! Porque foi ........ lá eles saberão!
E não se pode dizer que tivessem sido um ou dois. Isso seria caso de polícia. Foram dez para já. E os restantes oito devem estar em pulgas. Fervendo!
Não sei quanto irá receber cada clube. Nem o meu! Apenas sei o que li nos jornais.
O que mais me surpreende é tudo isto ser a demonstração inequívoca de que os presidentes dos clubes “não grandes” abdicam de esperar um melhor futuro para cada um dos seus clubes.
Apenas assina em 2015 contrato para começar a valer somente a meados de 2019 os que aceitam que até lá nada de melhor terão para os seus clubes. Porque se esperassem melhorar ao longo dos próximos anos, o que proporcionaria uma negociação por valores mais elevados, não se comprometiam durante essa eternidade.
Porque não pediram apoio interno para acto tão grave, aceitando a exclusividade da responsabilidade, obrigam-se a ter de comandar os clubes até esse tempo.
Resultado: enquanto os três “grandes” se tornaram clubes apetecíveis, os restantes viverão um tempo penoso e duradouro. Ou seja, no caso da Madeira por exemplo, cada vez mais os adeptos que apoiam dois clubes serão mais do “grande” que do “clubinho” regional.
Alguns devem pensar que é obrigatório que tudo isto assim seja, mas não contem comigo como cúmplice desse “crime” organizado.
Recuso aceitar! Porque só tenho um clube e, esse, vai ser ainda mais esmagado tanto pelos “grandes” como pelos “médios”, categoria esta onde deveria estar.
Os clubes “médios” valiam mais sem qualquer contrato assinado do que com ele selado. Daqui por diante o “negócio” já não é de cada clube. É de cada canal de televisão.
Deixou de ser futebol. Passou a ser só dinheiro.
O escândalo maior é que aceitaram, já e em definitivo, que o Braga se torne o quarto clube de Portugal. Pelo menos por dez anos assim será ! Os restantes, só poderão ser quintos. Quintos se o Guimarães não fizer um contrato como o do Braga, que penso venha a ser idêntico. Ou seja, afinal já temos quinto. Só resta o sexto, que muito provavelmente deixará de ter acesso à Europa face aos maus resultados dos clubes portugueses. E ainda temos de contar com a vantagem que terão os clubes continentais que receberão pagamentos entre trinta a cinquenta por cento mais.
Tudo isto é um pesadelo!
Teremos de saber qual a justificação para acto tão irreflectido. Os responsáveis por essa decisão deverão dar explicações muito rapidamente. E enunciar os novos objectivos a médio prazo. Porque interfere com decisões a serem tomadas no âmbito dos subsídios públicos, patrocínios, bancos, etc.
A nossa última esperança é o governo, como o de Espanha, fazer uma lei e meter todos na ordem.  Acabar com esta pouca vergonha.
A Federação precisa liquidar a “sua” Liga e começar de novo. Em termos idênticos aos das outras Ligas europeias. Deixando de ser a excepção. A vergonha sem igual. Como muito do que se passa em Portugal. Todos donos das “suas quintas” ainda que lá não tenham seja o que for. Apenas as usam para a “importância” que não têm e para o “estatuto social” que não merecem nem, verdadeiramente, alguém lhes deu" 

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