sábado, janeiro 16, 2016

Edgar Silva: semear agora para colher depois

Sempre defendi, e disse-o aqui neste meu blogue algumas vezes, que a participação do madeirense Edgar Silva nesta corrida presidencial mais do que a aposta do PCP num quadro que nos últimos anos tem estado na primeira linha do combate político, terá que ser olhada como uma oportunidade para que o líder regional dos comunistas possa semear, sem pressões, para depois colher.
Ou seja, embora dependendo, obviamente, da vontade e da decisão do próprio Edgar Silva, militante do PCP desde 1998 e membro do Comité Central, órgão máximo do partido desde 2000, é um facto inegável que, independentemente dos resultados da sua candidatura - que ocorre numa conjuntura político-partidária que em nada favorece o PCP  e está longe de lhe facilitar a vida - é sobretudo a pensar no futuro que Jerónimo Sousa pensou e decidiu. Acredito que a escolha de Edgar Silva foi essencialmente uma escolha do próprio Jerónimo Sousa o que não deixa de ser um sinal político a reter.
Enquanto madeirense admito que o líder regional do PCP - seria surpreendente e mesmo ingrato se isso não acontecesse - deverá ter uma boa votação na Madeira, onde há um reconhecimento do seu trabalho fora da arena política e da coerência e consistência do seu percurso político. Estamos a falar de um político que tem exercido o seu percurso na Madeira, e para além de ter sido professor na Universidade Católica no Funchal é deputado na Assembleia Legislativa da Madeira desde 1996.
Estou convencido que Edgar, em termos de futuro político, será capaz semear nesta campanha presidencial as sementes de uma eventual participação política no seio do  PCP, que poderá implicar nos desafios.  Que transcenderão a lideranças do PCP na Madeira e a própria dimensão parlamentar da sua função política presente.
Edgar Silva realizou uma boa campanha, na lógica do PCP, exagerou é certo nas defesa das competências reservadas ao Presidente, manteve uma linha de orientação em linha com o pensamento do PCP, contou com a experiência no terreno da logística dos comunistas. As sondagens colocam-o abaixo de Marisa Matias, mais conhecida que ele no plano nacional, embora tenha muitas dúvidas sobre a correspondência entre os resultados dessas sondagens e os resultados que as urnas nos darão.
Em traços gerais Edgar Silva fez bem em aceitar este desafio, respondeu à amplitude e exigências do desafio político em que está envolvido, trouxe para a campanha comunista uma nova atitude, um novo discurso, uma nova forma de ser e de estar. E isso poderá deixar raízes para opções futuras. A minha dúvida, repito, é saber se Edgar Silva estará disposto e disponível, apesar da sua fidelidade ao PCP, em aceitar desafios que o façam sair da ilha para se fixar em Lisboa, por exemplo. (LFM)

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