terça-feira, maio 13, 2014

No 1º trimestre de 2014: agravamento do défice comercial é o pior em 14 anos...



Li no Dinheiro Vivo que “o défice comercial do primeiro trimestre sofreu o pior agravamento homólogo pelo menos dos últimos 14 anos. O crescimento das importações de mercadorias teve o triplo da força (6%) comparativamente ao ritmo de expansão das exportações (1,7%). Apesar de as perspetivas para as exportações totais de bens serem favoráveis para este e os próximos anos, a verdade é que os dados ontem publicados pelo INE dão conta de uma travagem algo abrupta das vendas ao exterior e de uma retoma relativamente forte das importações no início deste ano. Nos primeiros três meses, Portugal exportou 11,7 mil milhões de euros em mercadorias, mas comprou ao estrangeiro 14,4 mil milhões. O défice comercial, a diferença entre vendas e compras, aumentou 31,4%, totalizando 2,6 mil milhões de euros. É a evolução mais desfavorável dos últimos 14 anos, pelo menos. A série do INE remonta a 2000. Mas as exportações não são o motor da economia? O que se passa, então? Aparentemente, os mercados de fora da Europa estão a dar sinais de alguma fragilidade nas compras que fazem. O valor expedido também é inferior devido ao recuo nos preços de matérias-primas, como o petróleo. Além disso, instituições como FMI e OCDE lançaram já alguns avisos recentes relativos ao agravamento dos riscos económicos e financeiros que pairam sobre as economias emergentes, o que estará a arrefecer o seu poder de compra.
O Governo e a troika esperam um aumento real de 5,7% nas exportações neste ano e no próximo ano. As importações avançam 4,1%, puxadas pela retoma da procura interna (consumo e investimento). No entanto, as exportações de Portugal para fora da UE, nas quais as empresas portuguesas e os governos têm vindo a apostar fortemente nos últimos anos (já valem mais de 27% do total), registaram agora quebra de 1,7%. As vendas para a UE subiram 3%. Foi o que salvou o desempenho exportador neste período.
As importações totais aumentaram 6%, puxadas pelo forte crescimento das compras aos parceiros europeus (13,5%). Acabou por compensar a contração de 12% nas importações a países fora da UE. O INE destaca, nas exportações, “o acréscimo nos bens de consumo (+11,3%) e o decréscimo acentuado nos combustíveis e lubrificantes (-30,3%), nomeadamente produtos transformados”. Nas importações “salienta-se o aumento na quase totalidade das categorias, mas sobretudo no material de transporte (+28,7%) e nas máquinas e outros bens de capital (+10,6%). Os combustíveis e lubrificantes registaram um decréscimo de 4,1%, em resultado da evolução dos produtos primários (-12,2%), dado que os produtos transformados aumentaram (+26,6%).” Portanto, é a flutuação do valor nas vendas de combustíveis que faz a diferença. Em 2013, impulsionaram de sobremaneira as exportações, agora estão a prejudicar os indicadores do comércio externo, agravando os desequilíbrios externos. Em janeiro e março, a cotação do barril de petróleo brent registou descidas assinaláveis.
“Excluindo os combustíveis e lubrificantes, verifica-se que as exportações extra-UE cresceram 5,9%, enquanto as importações diminuíram 0,7% face ao primeiro trimestre de 2013. O saldo da balança comercial extra-UE, com exclusão deste tipo de bens, atingiu um excedente de 1056,6 milhões de euros”, diz o INE. No comércio de serviços, o ritmo das exportações é francamente superior ao das mercadorias (cerca de 6% homólogos), mas o seu peso fica-se por um terço do total faturado”