domingo, maio 18, 2014

Depois da troika, o balanço de três anos de mudanças na vida dos portugueses



Escreve o Sol: "Terminou oficialmente sábado o programa de assistência externa. Fazemos a cronologia do resgate e olhamos para os efeitos das medidas de austeridade.
O que mudou?
A troika está de partida e é tempo de olhar para o país que deixa para trás. O défice externo foi eliminado, as contas públicas melhoraram e a capacidade de financiamento está restaurada. Ficam um milhão de desempregados e a carga fiscal mais elevada de que há registo. Saíram 300 mil portugueses do país, o equivalente a 3% da população (leia mais).
E o que teria acontecido sem a troika?
Os especialistas contactados pelo SOL convergem: o incumprimento e a saída de Portugal do euro teriam sido inevitáveis sem a intervenção da torika. Com o regresso ao escudo, a quebra do poder de compra seria violenta e não estariam excluídos cenários de racionamento como os vividos nos anos 70 e 80 (leia mais).
Os efeitos: Quebra do consumo afogou comércio e empresas
Portugal escapou ao incumprimento e à saída do euro, mas não evitou uma vaga de falências. A quebra do poder de compra e o aumento da carga fiscal retraiu o consumo e levou ao encerramento de milhares de lojas e restaurantes. Nos três anos de troika, o comércio perdeu 100.000 postos de trabalho e os serviços outros 90.000 (leia mais).
A mudança de hábitos dos portugueses
Voluntariamente ou por impossibilidade de o fazer de outro modo, as famílias portuguesas alteraram hábitos de consumo nos últimos três anos. Na alimentação, os consumidores passaram a ir mais vezes ao supermercado, mas compram menos em cada deslocação porque têm menos rendimento disponível. As marcas próprias ganharam espaço e Portugal tornou-se o quarto país da Europa com maior consumo destes produtos. Recorrer a promoções, cupões e talões é a regra: 25% das vendas de alimentos nos hipermercados são feitas com desconto. Os sites de compras colectivas e de venda de objectos e roupa em segunda-mão entraram na rotina dos consumidores.
Nas férias, os portugueses não deixaram de viajar. Mas optam por ir menos tempo, para mais perto e de forma mais poupada. Muitos fazem férias cá dentro. Nos tempos livres, passa-se mais tempo a ver televisão porque ir ao cinema e teatro sai mais caro. Começou a febre da corrida e das caminhadas. Já há quem vá de bicicleta para o trabalho ou partilhe carro.
Sem mercado interno, as exportações representaram uma saída de emergência
As vendas para o exterior aumentaram 24% desde a entrada da troika e já representam 41% do PIB. Turismo, vinho, calçado e têxtil foram os sectores que mais contribuíram para o crescimento. A inovação e a qualidade são os novos factores de competitividade (leia mais).
Mas o que mudou de essencial?
Portugal já se habituou a gastar menos? O sub-director do SOL José António Lima recorda a trajectória que conduziu o país a um pedido de resgate e questiona se estaremos hoje mais preparados para evitar uma nova intervenção (leia mais).
Os sacrifícios acabam com a saída da troika?
A realidade vivida pelos portugueses muda a partir de agora? Num artigo para o SOL, o deputado socialista Pedro Marques alerta para a continuação da austeridade (leia mais) e desvaloriza o discurso do Governo, acusando-o de eleitoralismo"