Escreve o Sol: "Incumprimento e saída do euro seriam inevitáveis. Certificados de aforro seriam trocados entre privados como meio de pagamento. Se em 2011 o Governo não tivesse solicitado apoio, como estaria hoje o país? A primeira consequência seria óbvia: o incumprimento. "À medida que a dívida pública fosse vencendo, não havendo novos empréstimos, não haveria forma de o Estado honrar os seus compromissos", frisa João Loureiro, professor de macroeconomia da Universidade do Porto. O Governo não teria meios para financiar défices e a política orçamental "teria sido ainda mais contraccionista". Parte dos pagamentos do Estado a fornecedores, funcionários públicos e pensionistas seria não com dinheiro mas com títulos de dívida pública, como certificados de aforro. "Eventualmente, estes ter-se-iam tornado um meio de pagamento interno entre privados", admite o docente. O incumprimento do Estado teria consequências. Os títulos de dívida pública portuguesa não seriam aceites pelo BCE como garantia para empréstimos à banca: a economia portuguesa deixaria de ter financiamento. "Portugal acabaria por sair do euro pelo próprio pé, voltando-se ao escudo. Esta seria a única forma de a economia voltar a ter liquidez, já que passava a ser criada internamente pelo banco central". Mas voltar ao escudo implicaria uma "enorme desvalorização cambial» de forma imediata, com consequências no cidadão comum. A inflação seria mais elevada, levando a uma quebra do poder de compra «maior do que a que sucedeu com a troika". E as restrições às importações fariam regressar os cenários de racionamento que se viveram nos anos 70 e 80"