quinta-feira, dezembro 19, 2013

FMI dá cabo da propaganda de Coelho e do relógio de merda de Portas: Portugal precisa de mais 10 a 15 anos para recuperar

Ficamos hoje a saber que "o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, Subir Lall, considera que a saída da 'troika' não se traduz no fim do ajustamento e avisa que a economia portuguesa precisa entre dez a 15 anos para recuperar. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times hoje divulgada, Subir Lall adverte que "as distorções na economia foram construídas ao longo de décadas e é irrealista pensar que podem ser removidas em três anos de programa de ajustamento ou que o processo de reforma possa ser imposto do exterior". Ao contrário das declarações proferidas recentemente pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que parece ter inaugurado um relógio de 'count down' (contagem decrescente) para a saída da 'troika', de acordo com o mesmo jornal, o chefe de missão do FMI para Portugal traça um cenário menos optimista em relação à recuperação económica. "As transformações de que a economia precisa terão de continuar nos próximos dez a 15 anos e terão de ser construídas internamente", afirma Subir Lall. Dirigindo-se aos partidos políticos, o responsável da 'troika' acentua que "mudar a forma como a economia responde e ultrapassar a inércia requer um esforço continuado e terá de ser feito, independentemente de qual o partido político que estiver no poder". Nos próximos anos, Portugal terá de ultrapassar os "desafios enraizados", nomeadamente, a alavancagem bancária, os elevados custos dos portos e da energia, a ineficiência do serviço público, a lentidão do sistema judicial e a pouca flexibilidade do mercado de trabalho. Apesar dos desafios que o país terá de enfrentar, Subir Lall classifica de "assombroso" o ajustamento orçamental já alcançado, antecipando que a consolidação que será feita em 2014 e 2015 será "mais gentil". No entanto, a economia terá de crescer a longo prazo, um objectivo que só será alcançado redireccionando-a do sector transaccionável para o não transaccionável, diz o responsável. Subir Lall, refere ainda o Financial Times, escusa-se a falar sobre a possibilidade de Portugal ter de aceder a um programa cautelar após a saída da 'troika' -- composta pelo FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia -, dizendo que no início do próximo ano, quando o Tesouro avançar com emissões de longo prazo, será "uma boa altura para ver o que dizem os investidores".As declarações do chefe da missão do FMI surgem no dia em que o Tribunal Constitucional poderá anunciar a decisão sobre o regime de convergência das pensões, o que poderá obrigar o Governo a encontrar alternativas em caso de chumbo. Questionado sobre esta possibilidade, Subir Lall disse estar confiante na capacidade do Governo em ultrapassar este obstáculo, caso o chumbo se verifique. "De um ponto de vista orçamental, estou muito confiante de que o Governo será capaz de tapar o buraco", disse ainda, alertando no entanto que "há sempre o risco de que [as alternativas] sejam menos favoráveis em termos de promoção do crescimento económico e do emprego".