quarta-feira, julho 24, 2013

Rui Machete: O regresso de um veterano a um Governo com FMI

Segundo o Jornal de Negócios, aos 73 anos, o histórico do PSD está de volta. Da última vez que integrou um Governo, o FMI também cá estava. Quase três décadas depois de ter exercido o último cargo num Governo, Rui Machete está de regresso à política activa – e de regresso a um governo condicionado pelos credores externos. Este militante histórico do Partido Social Democrata (PSD), de que foi brevemente presidente em 1985, sucede a Paulo Portas como ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Da último vez que esteve num governo, como vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa no executivo de bloco central liderado por Mário Soares, o FMI também cá estava. Entre diplomatas, há quem o veja como uma "espécie de Freitas do Amaral do PSD". Licenciado em Direito, Machete foi deputado em várias legislaturas, administrador do Banco de Portugal, docente na Universidade Católica e presidiu entre 1985 e 2010 à Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Escreve a Lusa que o fim do seu mandato na FLAD foi marcado por polémica, depois de terem sido tornados públicos telegramas diplomáticos de embaixadores norte- -americanos, que o acusavam de "ser crítico dos EUA" e de gastar uma parte considerável das despesas da fundação com o funcionamento da organização, através da qual terá atribuído "bolsas para pagar favores políticos". Na saída, Rui Machete rejeitou essas acusações e afirmou-se "cansado dos aborrecimentos com embaixadores" norte--americanos. Desde então, mantinha-se apenas como consultor jurídico da firma de advogados PLMJ & Associados, em Lisboa. Em Abril deste ano, ainda a crise política não tinha deflagrado, dizia que um cenário de eleições antecipadas, como o que era reclamado pela oposição, seria "desastroso" para o país. Machete dizia também que Portugal precisa de um consenso entre os actores políticos para ultrapassar as dificuldades. Em entrevista ao jornal i no início deste ano, advertia que a situação é actualmente mais grave do que a que o país enfrentara nos anos 80, quando integrou o Governo de bloco central que teve de negociar a intervenção do FMI. "Essa é a grande diferença, e portanto obriga a políticas de austeridade mais graves e durante mais tempo". Na mesma entrevista, Machete relativizava as divergências na actual coligação de Governo, considerando que, no actual contexto, "não há alternativa real" de políticas.