"Engano
into-me enganado pelas políticas e governos socialistas. Não vale o esforço falar da incompetência de Sócrates a nível nacional que deixou um país com mais de oito séculos de história e que já foi “dono” de metade do mundo de mão estendida, olhado de cima para baixo pelos outros e em risco de abandonar o euro. Falo da região, dos nossos Açores. Há apenas alguns anos, o governo regional anunciou com imensa satisfação ter “superavit”, ou seja, ainda sobrava dinheiro do que tinha para gastar durante o ano. Sempre achei estranha esta afirmação, primeiro por desconfiar da mesma e segundo porque se anunciarmos que temos dinheiro a mais que não gastamos, o que normalmente acontece é reduzirem-nos a verba na transferência seguinte. Não bastasse esta tentativa de nos ludibriar, continuaram. Passaram a encarar os apoios sociais como incentivos a votar no Partido Socialista, criaram associações, apoiaram selectivamente Casas de Povo e Juntas de Freguesia, de modo a combater o protagonismo dos outros intervenientes numa forma descarada, partidária e injusta de olhar para quem tanto faz. Anunciam diariamente milhões e milhões para tantas coisas, na maior parte dos casos investimentos sem qualquer retorno ou interesse, apenas servindo os sentimentos megalómanos de alguns, aliás, como se pode comprovar através da nossa economia, que está destruída. Sacrificaram tantas vezes o sector agrícola em detrimento de apostas falhadas como o turismo, apesar dos alertas constantes do incansável Jorge Rita. Nas pescas conseguiram calar uma das vozes mais incómodas do sector e criaram uma das maiores contestações de sempre entre os pescadores. Entraram em concorrência desleal com privados na indústria de transformação de pescado, nos produtos agrícolas, entre outros. Financiaram entidades privadas (com o objectivo de obter lucro) que prestam serviços idênticos aos prestados por entidades do sector social, reduzindo-lhes os apoios. Prevêem a construção de uma incineradora, altamente prejudicial para os Açores, na ordem dos 100 milhões quando ainda temos taxas de reciclagem bastante abaixo do desejável. Esbanjaram três milhões de euros para a festa das maravilhas e milhares em festas de “bar aberto” em Lisboa. Temos uma percentagem altíssima de beneficiários de Rendimento Social de Inserção, temos uma taxa de desemprego absurda, os estudantes sabem cada vez menos e foram alvo de uma série de estratagemas para que nenhum possa ficar retido. Atiraram milhões pelas encostas da Fajã do Calhau e permitiram a destruição da nossa paisagem e de excelentes terrenos agrícolas com a construção das SCUT, bem como deixaram que empresas externas à região levassem as verbas do maior investimento público dos Açores, encarando-as com a respectiva curvatura cervical. As políticas destes governos ditos socialistas, infelizmente têm um perfil ziguezagueante, como foi o recente caso do retrocesso nas análises clínicas na Ribeira Grande e Vila Franca ou mesmo do transporte marítimo de passageiros, ao mandarem construir navios que depois já não interessavam. Acham que se não fosse Sócrates a “safar” os erros de projecto do actual governo, não teríamos o “Atlântida” a navegar nos Açores? Não tenho dúvidas. Sinto-me enganado porque vivemos numa região do faz de conta, sempre que assisto aos anúncios da existência de tanto dinheiro para tanta asneira, ano após ano, que apenas nos levam a empobrecer. Mas mesmo perante as evidências, continua-se a fantasiar. O relatório do Tribunal de Contas avalia a dívida dos Açores em 3,3 mil milhões de euros, quando ainda em Novembro Sérgio Ávila afirmava que a dívida era de 1,3 mil milhões. As dívidas começam a aparecer, o governo a não pagar e a não cumprir com a sua palavra. Não consigo compreender como um governo socialista admita que não tem dinheiro para pagar aos fornecedores de medicamentos, fazendo perigar os cuidados de saúde a quem mais precisa. Não posso admitir que Carlos César anuncie que poderia endividar-se em 32 milhões mas apenas contraiu um empréstimo de 23 milhões, demonstrativo da qualidade das contas deste governo e negando a falta de liquidez do governo. O que não foi dito é que se torna importante. Como podemos equacionar o adiamento de cirurgias e a substituição de medicamentos (por falta da medicação prescrita) se ainda poderíamos ir “buscar” mais 9 milhões para pagar aos fornecedores da área da saúde e assim não prejudicar os cuidados básicos aos Açorianos? 23 milhões são os valores que a banca conseguiu emprestar e mesmo assim com spreads altíssimos, hipotecando mais uma vez as próximas gerações de Açorianos. Também considero negativo anunciar linhas de crédito sem sequer negociar com a banca. Aliás, a relação do Partido Socialista com este sector ficou bem evidente através das declarações do vice-presidente da bancada parlamentar na Assembleia da República. Com tudo isto, olhemos em redor e não deixemos de reflectir se é este o caminho que deveríamos seguir, se é isto que queremos para os Açores. Os nossos Açores" (texto publicado no Correio dos Açores, com a devida vénia)
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