
“O humor é, por natureza, transgressão e exagero e é possível fazer humor recorrendo a campos de concentração, desde que haja uma segunda leitura, uma crítica através da piada”, prosseguiu. Também o criativo Carlos Coelho, fundador e presidente da Ivity Brand Corp, considera infeliz o uso de “grandes causas” em publicidade. “Há muitas marcas que usam grandes causas, como esta com o Holocausto, mas também a anorexia e a pobreza, para conseguirem notoriedade. No entanto, a maior parte dessas marcas não tem sucesso porque a publicidade conceptualmente errada não pode ter efeitos positivos”, explicou. “Podem usar- se figuras para criar campanhas com algum humor, mas nunca abusar delas. Procurar notoriedade desta forma é um caso de prostituição da marca”, prosseguiu. Carlos Coelho diz que o razoável é respeitar os limites da humanidade, as suas feridas e não recorrer ao “terrorismo intelectual”. “A publicidade desse ginásio no Dubai é um caso de falsa inocência. É impossível não sentir consciência coletiva. Eles sabiam que iam ofender muita gente. As marcas podem ter opinião, desde que a assumam”, afirmou. Em Portugal, Carlos Coelho recorda- se de um caso semelhante no que diz respeito a uma marca que é “muito falada por causa da sua publicidade, mas depois não consegue impor- se no mercado”. “Há uns anos, a marca de roupas Bonsai usou a imagem de Carolina Salgado, que tinha acabado de editar um livro a acusar Pinto da Costa de vários crimes, para se lançar. Realmente foi muito falada, mas hoje alguém sabe o que é a Bonsai?
Ser falado é fácil, a questão é sê- lo de forma positiva”, disse. “O limite do humor em publicidade? É a consciência de cada um. É aí que está o travão”, rematou. Eduardo Madeira, argumentista para as Produções Fictícias, refere “o bom gosto” como fronteira. “Não há temas que se extingam do humor, mas existem aqueles mais sensíveis, com os quais é preciso trabalhar com cuidado. Esse episódio do The Circuit Factoryé triste e lamentável, porque ultrapassou o bom gosto. Mas creio que sendo um ginásio do Dubai, que é um país islâmico, até pode ser visto com alguma piada. Eles esqueceram- se de que hoje em dia, com a Internet, tudo é muito mais global e as pessoas em qualquer parte do mundo servem de reguladoras”, frisou" (texto do Dinheiro Vivo)
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