domingo, setembro 11, 2011

Refer: Ministério veta "boy" socialista para direcção de recursos humanos

Escreve o Jornal I, num texto do jornalista Nelson Pereira, que “o Ministério da Economia reprovou e rejeitou a contratação de António Mendonça Mendes para a direcção de recursos humanos da REFER, a gestora da infra--estrutura ferroviária nacional, soube o i. A tutela terá sido apanhada de surpresa por esta nomeação, decidida pelo conselho de administração escolhido no tempo do anterior governo, que não será aceite. Numa carta ontem enviada ao conselho de administração da empresa, o ministério vetou a nomeação e exigiu explicações imediatas. O boy socialista, presidente da concelhia de Almada do PS, irmão da deputada socialista Ana Catarina Mendes e cunhado de Paulo Pedroso, fora nomeado há poucos dias e já estará de saída. Uma curta passagem por um cargo que se junta ao currículo de Mendonça Mendes, que foi ainda, em tempos, chefe do gabinete de Ana Paula Vitorino, quando esta desempenhava funções de secretária de Estado dos Transportes. A administração da REFER informou o i que Mendonça Mendes foi chamado, no início do corrente mês, para ocupar os cargos de director coordenador de capital humano, organização e suporte jurídico, e de director de recursos humanos. A nomeação, ainda segundo comunicado da REFER, "decorre dos procedimentos em vigor na empresa" e foi "deliberada pelo conselho de administração". De acordo com indicações do actual governo, de que foram informadas todas as instituições públicas, estão impedidas novas contratações externas, excepto em condições estritamente excepcionais. Nesses casos são sempre exigidas explicações consistentes, submetidas à apreciação e decisão do executivo, o que não aconteceu nesta nomeação. O i tentou ouvir Mendonça Mendes, mas o recm-nomeado director de recursos humanos da REFER não quis comentar o assunto, argumentado estar "demasiado ocupado" no exercício das suas funções. Esta nomeação só aconteceu porque o mandato da actual administração da REFER, liderada por Luís Pardal, termina em Janeiro 2012, pelo que terá sido aproveitada a oportunidade para ainda fazer entrar alguém próximo do PS. Luís Pardal foi nomeado em Novembro de 2005, para um mandato de três anos. Em Janeiro de 2009, o governo socialista decidiu reconduzir Pardal na presidência da empresa por mais um mandato. O Conselho de Ministros aprovou, para o efeito, uma resolução em que nomeou também os restantes membros do conselho de administração da REFER: Alfredo Vicente Pereira, vice-presidente da empresa, e Romeu Reis, Alberto Ribeiro e Carlos Fernandes, vogais da administração. António Mendonça Mendes esteve sempre entre os socialistas mais fiéis a José Sócrates, com um imponente trabalho de apoio ao ex-líder junto das bases do partido e no terreno, em particular durante a última campanha eleitoral para as legislativas. O presidente da concelhia de Almada do PS foi o motor principal de iniciativas como o Movimento Voluntário Sócrates 2011 e Geração Activa, enquanto no blogue Defender Portugal tecia argumentação favorável à governação socrática. A REFER, entidade pública empresarial destinada a gerir e administrar a infra-estrutura ferroviária estatal em Portugal, fechou o ano de 2010 com resultados líquidos negativos de 146,5 milhões de euros, de acordo com o relatório e contas divulgado pela empresa em Abril passado. Os rendimentos operacionais da empresa atingiram os 123 milhões de euros em 2010, mas os custos desta operação chegaram aos 232 milhões de euros - o que traduz a um resultado operacional negativo de 108 milhões. Soma-se o agravamento da dívida - a REFER foi obrigada a reforçar o crédito a curto prazo para responder aos seus compromissos. Segundo o mesmo relatório, os gastos com o pessoal ascenderam aos 83,6 milhões, com um custo médio por trabalhador de 30 mil euros. A actividade de investimentos aumentou 31% o seu peso no total de gastos, que atingiu os 15,2 milhões de euros. Ainda segundo o relatório da REFER, "o continuado défice da actividade leva ao aumento dos níveis de endividamento de curto, médio e longo prazo, os quais registaram uma subida de 487 milhões de euros face a 2009, sendo as necessidades totais de 493 milhões de euros".

Sem comentários: