Li no Económico, num texto do jornalista Pedro Duarte, que "Geir Haarde é o primeiro líder político a enfrentar a Justiça pelo colapso do sistema financeiro do país. Ontem, em tribunal, pediu o encerramento do caso. A Islândia tornou-se ontem no primeiro país a fazer sentar no banco dos réus um chefe de governo, responsabilizado pelo seu falhanço em impedir a crise financeira de 2008. Geir Haarde, de 60 anos de idade, primeiro-ministro da Islândia entre 2006 e 2009, sentou-se ontem às dez da manhã perante os juízes do ‘Landsdomur' - um tribunal especial destinado a julgar casos que envolvam ministros do governo e que foi convocado pela primeira vez na História do país para tratar do caso . Bem-disposto e acompanhado pela sua mulher, o antigo chefe de governo declarou-se "inocente" das acusações que pesam contra si e classificou todo o julgamento de "farsa".Caso único na história islandesa
Ao longo da audiência, que durou duas horas, o advogado de Defesa Andri Arnason tentou conseguir a anulação das acusações, argumentando que Haarde foi enviado a tribunal sem sequer ser alvo de uma investigação. Com efeito, há um ano, o ‘Althing', ou Parlamento islandês, votou que o antigo primeiro-ministro deveria ser acusado pela incapacidade de impedir a crise financeira no país, não tendo o caso resultado de uma investigação policial. "Numa investigação, o acusado poderia, entre outras coisas, refutar afirmações. Como é que, em pleno século XXI, um caso-crime pode ser levado a tribunal sem uma investigação criminal? Isto seria tolerado em qualquer outro caso? Eu duvido fortemente disso", afirmou Arnason. Este argumento foi, no entanto, refutado pela procuradora Sigridur Fridjonsdottir, que sublinhou que Haarde poderia ter feito declarações aos elementos da comissão parlamentar que o acusou sempre que quisesse. "A organização deste caso é consideravelmente diferente do que em casos-crime normais, mas de modo algum contraria as leis especiais do ‘Landsdomur', disse Fridjonsdottir. O tribunal vai decidir assim dentro de três semanas se o antigo primeiro-ministro pode ou não ser considerado responsável pelo colapso de 2008, arriscando-se a uma pena de dois anos de prisão, caso venha a ser considerado culpado.
Presidente apela a Bruxelas
No dia anterior ao da sessão de Haarde, o presidente Ólafur Ragnar Grímsson havia entretanto apelado à União Europeia (UE) para que investigasse as exigências de compensações financeiras que o Reino Unido e a Holanda fizeram ao país no âmbito da falência do banco Icesave. "Uma investigação vale a pena para saber como é que os outros Estados-membros aceitaram as exigências absurdas destes dois países", afirmou Grímsson, referindo-se a Londres e Haia. Ambas as capitais ameaçaram bloquear o processo de adesão islandês à União Europeia a menos que a ilha pagasse os 3,9 mil milhões de euros que estas nações haviam sido forçadas a indemnizar os clientes britânicos e holandeses do Icesave. Para Grímsson, o facto de mais tarde ter sido descoberto que a casa-mãe do Icesave tem activos suficientes para pagar todas as despesas, sem ser necessário recorrer aos cofres públicos da Islândia, mostra que o caso "deveria ter sido tratado de modo sensível e que foi totalmente desnecessário criar tanta tensão entre o povo islandês e a nossa cooperação com a UE".
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