Escreve a jornalista do Público, Rita Siza que “o regime de Chávez facultou estatísticas pela primeira vez desde 2005. Observadores dizem que os números do Governo - 48 mortos por 100 mil habitantes em 2010 - pecam por defeito. O Governo da Venezuela acaba de apresentar, pela primeira vez nos últimos sete anos, estatísticas oficiais relativas à criminalidade violenta no país, admitindo que a taxa de homicídios em 2010 alcançou um valor histórico de 48 mortos por 100 mil habitantes, um número "demasiado alto e que fica acima da média da América Latina". Na primeira sessão de perguntas ao Governo desde que foi empossada a nova Assembleia Nacional, a oposição - ausente do hemiciclo na anterior legislatura - quis saber quais os resultados dos "mais de 16 planos de segurança" implementados durante os doze anos de Governo revolucionário do Presidente Hugo Chávez. "O que é que foi conseguido?", quis saber o deputado Enrique Mendoza, do partido Copei. A resposta veio do ministro do Interior, Tarek El Aissami, que começou por revelar que a taxa de homicídios é de 48 por cem mil habitantes, mencionando depois a existência de 10.421 vítimas de crimes violentos. Sem revelar números totais - o Governo venezuelano deixou de publicar estatísticas oficiais referentes à criminalidade em 2005 -, o ministro informou que 75 por cento das mortes por violência se concentraram em nove estados do país, que todavia não identificou. Mas, segundo organizações independentes, os números apresentados por El Aissami não traçam o retrato completo da violência no país. O Observatório Venezuelano da Violência, que trabalha com projecções obtidas a partir da informação do Governo e outras fontes, aponta valores bem mais elevados em termos de mortes violentas: um total de 17.600 homicídios em 2010, o que coloca a taxa de assassínios nos 57 por 100 mil habitantes. Ainda de acordo com a mesma organização, 2010 encerrou com mais 1600 mortes do que o ano anterior, o que desmente as garantias dos responsáveis governamentais de uma diminuição significativa do número de vítimas de crimes mortais no ano transacto. "Lamentavelmente, não existe nenhuma evidência de que assim seja", disse o director do Observatório Venezuelano da Violência, Roberto Briceño León, à BBC Mundo. Números não-oficiais recolhidos por jornalistas junto do Instituto de Medicina Legal e recentemente publicados davam conta de mais de 500 mortes violentas na área metropolitana de Caracas no passado mês de Dezembro - uns arrepiantes 18 assassínios por dia. A fazer fé nas estatísticas do Observatório Venezuelano da Violência, aquele país tornou-se o lugar mais perigoso da América Latina, a par de El Salvador. O México, com uma população quatro vezes maior do que a Venezuela, e sob uma guerra sem tréguas entre o Governo e os cartéis de narcotráfico, registou uma taxa de 15 homicídios por 100 mil habitantes em 2010. No Brasil, esse número sobe para 21 e na Colômbia para 34 assassinatos por 100 mil habitantes. De acordo com as Nações Unidas, a média na América do Sul é de 20 mortes por 100 mil habitantes. "A Venezuela vive num estado de violência generalizada. Nos outros países da região, a violência está vinculada ao crime organizado, mas aqui tem a ver com a vida quotidiana e desorganizada. Não se pode atribuir às FARC, ou à Família ou ao Comando Primeiro de São Paulo. Por isso afecta muito mais a população", observa Briceño León. O nível de violência e insegurança na Venezuela levou a oposição a exigir a demissão do ministro do Interior, mas Tarek El Aissami contra-atacou responsabilizando os críticos de Hugo Chávez pela génese do problema. "Não podemos querer discutir o tema da criminalidade na Venezuela sem olhar para o passado, como pretende a oposição. Temos que reconhecer as causas históricas da delinquência", sublinhou. No entanto, o governante admitiu que a situação merece toda a atenção do executivo. "Sempre reconhecemos que é um problema prioritário para o país. Mas também dissemos que não pode ser resolvido apenas pelo Governo nacional", declarou. A insegurança é a principal preocupação dos venezuelanos, com 64 por cento da população a manifestar-se "muito preocupada" com o aumento da criminalidade, segundo os dados do relatório anual de 2010 da organização Latinobarómetro, responsável por estudos de opinião nos 18 países da América Latina. A insegurança, aliás, destronou o desemprego como a primeira resposta à pergunta "Qual o principal problema do país?", revela a sondagem. No mesmo inquérito, 27 por cento dos venezuelanos confirmaram já terem sido vítimas de delinquência”terça-feira, fevereiro 15, 2011
Venezuela em paz tem mais homicídios do que México em guerra com o narcotráfico...
Escreve a jornalista do Público, Rita Siza que “o regime de Chávez facultou estatísticas pela primeira vez desde 2005. Observadores dizem que os números do Governo - 48 mortos por 100 mil habitantes em 2010 - pecam por defeito. O Governo da Venezuela acaba de apresentar, pela primeira vez nos últimos sete anos, estatísticas oficiais relativas à criminalidade violenta no país, admitindo que a taxa de homicídios em 2010 alcançou um valor histórico de 48 mortos por 100 mil habitantes, um número "demasiado alto e que fica acima da média da América Latina". Na primeira sessão de perguntas ao Governo desde que foi empossada a nova Assembleia Nacional, a oposição - ausente do hemiciclo na anterior legislatura - quis saber quais os resultados dos "mais de 16 planos de segurança" implementados durante os doze anos de Governo revolucionário do Presidente Hugo Chávez. "O que é que foi conseguido?", quis saber o deputado Enrique Mendoza, do partido Copei. A resposta veio do ministro do Interior, Tarek El Aissami, que começou por revelar que a taxa de homicídios é de 48 por cem mil habitantes, mencionando depois a existência de 10.421 vítimas de crimes violentos. Sem revelar números totais - o Governo venezuelano deixou de publicar estatísticas oficiais referentes à criminalidade em 2005 -, o ministro informou que 75 por cento das mortes por violência se concentraram em nove estados do país, que todavia não identificou. Mas, segundo organizações independentes, os números apresentados por El Aissami não traçam o retrato completo da violência no país. O Observatório Venezuelano da Violência, que trabalha com projecções obtidas a partir da informação do Governo e outras fontes, aponta valores bem mais elevados em termos de mortes violentas: um total de 17.600 homicídios em 2010, o que coloca a taxa de assassínios nos 57 por 100 mil habitantes. Ainda de acordo com a mesma organização, 2010 encerrou com mais 1600 mortes do que o ano anterior, o que desmente as garantias dos responsáveis governamentais de uma diminuição significativa do número de vítimas de crimes mortais no ano transacto. "Lamentavelmente, não existe nenhuma evidência de que assim seja", disse o director do Observatório Venezuelano da Violência, Roberto Briceño León, à BBC Mundo. Números não-oficiais recolhidos por jornalistas junto do Instituto de Medicina Legal e recentemente publicados davam conta de mais de 500 mortes violentas na área metropolitana de Caracas no passado mês de Dezembro - uns arrepiantes 18 assassínios por dia. A fazer fé nas estatísticas do Observatório Venezuelano da Violência, aquele país tornou-se o lugar mais perigoso da América Latina, a par de El Salvador. O México, com uma população quatro vezes maior do que a Venezuela, e sob uma guerra sem tréguas entre o Governo e os cartéis de narcotráfico, registou uma taxa de 15 homicídios por 100 mil habitantes em 2010. No Brasil, esse número sobe para 21 e na Colômbia para 34 assassinatos por 100 mil habitantes. De acordo com as Nações Unidas, a média na América do Sul é de 20 mortes por 100 mil habitantes. "A Venezuela vive num estado de violência generalizada. Nos outros países da região, a violência está vinculada ao crime organizado, mas aqui tem a ver com a vida quotidiana e desorganizada. Não se pode atribuir às FARC, ou à Família ou ao Comando Primeiro de São Paulo. Por isso afecta muito mais a população", observa Briceño León. O nível de violência e insegurança na Venezuela levou a oposição a exigir a demissão do ministro do Interior, mas Tarek El Aissami contra-atacou responsabilizando os críticos de Hugo Chávez pela génese do problema. "Não podemos querer discutir o tema da criminalidade na Venezuela sem olhar para o passado, como pretende a oposição. Temos que reconhecer as causas históricas da delinquência", sublinhou. No entanto, o governante admitiu que a situação merece toda a atenção do executivo. "Sempre reconhecemos que é um problema prioritário para o país. Mas também dissemos que não pode ser resolvido apenas pelo Governo nacional", declarou. A insegurança é a principal preocupação dos venezuelanos, com 64 por cento da população a manifestar-se "muito preocupada" com o aumento da criminalidade, segundo os dados do relatório anual de 2010 da organização Latinobarómetro, responsável por estudos de opinião nos 18 países da América Latina. A insegurança, aliás, destronou o desemprego como a primeira resposta à pergunta "Qual o principal problema do país?", revela a sondagem. No mesmo inquérito, 27 por cento dos venezuelanos confirmaram já terem sido vítimas de delinquência”
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