quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Moção de Alberto João Jardim: Valores (I)

"A estrutura matriz do Partido Social Democrata da Madeira, os nossos Valores fundamentais, sintetizou-se sempre em três Pilares: Democracia, Autonomia, Democratização, com os conteúdos que os doze Congressos Regionais anteriores Lhes atribuíram. Tudo ordenado em função do primado da Pessoa Humana cujo processo de realização é o Trabalho, ao qual se subordinam Capital, Natureza e Técnica, visando a concretização do Bem Comum através de um Desenvolvimento Integral com justa repartição da riqueza que for sendo assim criada.
Permitiram as escolhas certas nos momentos críticos e consubstanciaram o discernimento da élite política que, desses Princípios, soube vanguardizar as mudanças sociais, políticas, culturais e económicas no arquipélago.
Constituíram as estruturas latentes que alicerçaram a nossa Resistência, impedindo que o PSD/Madeira fosse debilitado pelos inimigos externos e internos da Região Autónoma. Precisamente porque nunca mudámos tais matrizes ao sabor das conveniências dos inimigos, sejam estes os obstáculos ao Desenvolvimento Integral, o colonialismo, o aparelho repressivo da República Portuguesa neste território, os potentados da “Madeira Velha”, a maçonaria, os socialistas e os comunistas que, com as forças corporativas, são a “guarda pretoriana” situacionista e conservadora do Sistema político-constitucional obsoleto e ilegítimo de 1976.
Hoje, tal como nos momentos mais radicais da I República e na ditadura que se lhe seguiu, o controlo socialista do Estado impõe uma destruição dos Valores pilares da Cultura e Civilização portuguesa. Fá-lo ante a apatia das élites universitárias, da fraca reacção das Igrejas e de umas Forças Armadas funcionalizadas.
A massificação que se estende da comunicação social cúmplice do estado de coisas presente, ao débil e medíocre sistema educativo, pretende estupidificar o Povo, a fim de torná-Lo mais e melhor instrumentalizável pelos que dominam o actual regime político-constitucional.
A destruição sistemática e crescente da classe média via sucessivos aumentos de impostos para engordar e reforçar o Estado-polvo socialista, procura neutralizar os sectores populacionais que, ao longo da História, foram sempre a garantia cívica do pluralismo democrático.
Portugal dito “socialista”, mas nas mãos de gente ao serviço do capitalismo selvagem, que também o é de Estado, desta forma procura criar uma nova classe dirigente, mista de altos funcionários-gestores e de grandes capitalistas privados, sobretudo na área financeira e ante a agonia da Economia nacional. Do outro lado, uma enorme classe dirigida, empobrecida ou desempregada, como tal facilmente dependente da referida nova classe dirigente.
Daí a razão de assistirmos à destruição das Pequenas e Médias Empresas, espinha dorsal que são da existência de uma classe média garante do pluralismo democrático.
A perda do poder de compra individual está premeditada como processo de ajudar a restringir o Direito e o hábito de optar, um Direito Fundamental da Pessoa Humana.
Nos nossos inimigos, uns são de uma incapacidade intelectual absoluta e de um gritante vazio cultural, ao ponto de nem sequer entender o que se passa no mundo e em Portugal, nessa boçalidade indo ao ponto de atacar os autonomistas sociais-democratas da Madeira, só para fazer o jogo imbecil daqueles cujos interesses é que são precisamente o contrário dos Princípios que tal ingenuidade diz subscrever.
Mas, outros nossos inimigos estão clara e conscientemente ao serviço de um projecto de Estado totalitário ou, então sob a capa de um neo-liberalismo maçónico e travestido de “esquerda”, são os agentes implacáveis do projecto de “governo mundial”.
Falhou o optimismo cego do século XIX que acreditou na bondade do Homem e no materialismo simplista da existência de leis naturais absolutas. A decadência europeia fossilizou em discursos políticos vazios, contraditórios e sem explicação para a razão existencial do Cidadão.
A parasitação do Estado destrói a Cultura, criando assim entraves à liberdade criativa, esta sujeita a critérios político-partidários de inteligência obscena. A legitimação genérica e indiscriminada em termos de qualidade, faz qualquer um poder ser considerado “artista”. Enquanto concepções bizarras e snobes de uns patetas que desta forma ganharam “direito de cidade”, tudo consideram “Património”, o que acaba por ser nada.
Hoje, faltam parâmetros para fixar valor àquilo que deve realmente ser Arte e Património. Por isso a Cultura se anedotizou e o Património definha e se perde. Ora, o Partido Social Democrata da Madeira foi sempre oposição a este processo que decorreu em Portugal após a imposição da Constituição de 1976. O que significou a coragem de remar contra tudo e contra todos os que nos trouxeram ao actual colapso político nacional. Tal denúncia é a razão do grande investimento sempre posto contra nós, em todos os meios de propaganda do regime ainda vigente, quer em Lisboa, quer no Funchal. Ciente de que teve e tem razão, como os tempos presentes demonstram, o PSD/Madeira sente orgulho na sua Resistência, a qual obrigou os nossos inimigos a um dispêndio de dinheiro em propaganda contra nós, extremamente para além do que justificava a dimensão do arquipélago e a proporção da respectiva população.
E temos a certeza de que os nossos inimigos, num ano em que tão graves provações lançaram sobre os Portugueses e em que há eleições regionais na Madeira, vão tentar usar-nos para manobras de diversão política.
Vamos continuar a lutar contra a Situação na República Portuguesa.
Precisamente porque não podemos ficar dependentes de tal República, no plano dos Valores, sendo os nossos que têm de se impôr, dado o sufrágio democrático do Povo Madeirense.
Precisamente porque o futuro da Madeira e do Porto Santo só pode ser o que o Povo Madeirense quiser, e não o que outros nos impuserem
" (texto da moção de Alberto João Jardim ao XIII Congresso Regional do PSD-Madeira a ter lugar em Abril no Funchal)

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