segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Membro do Bloco de Esquerda demitiu-se...

Diz a SIC que "o membro da mesa nacional do Bloco de Esquerda Paulo Silva demitiu-se hoje em protesto pela decisão da comissão política e grupo parlamentar de apresentar uma moção de censura, que considerou um "profundo desrespeito" por este órgão, anunciou à Lusa. Em declarações à Lusa, o responsável bloquista condenou o anúncio feito pelo líder do BE, Francisco Louçã, na passada quinta-feira durante o debate quinzenal, de que apresentará uma moção de censura ao Governo a 10 de março.Este anúncio surgiu cinco dias após a realização da reunião da mesa nacional, em que, garante Paulo Silva, este assunto não foi abordado, e depois de, no final desse encontro, Louçã ter afirmado não existir "utilidade prática" na apresentação de uma moção de censura naquele momento. Paulo Silva apresentou a sua demissão numa carta enviada por correio eletrónico esta madrugada à comissão política. Esta é a segunda demissão da mesa nacional em pouco mais de uma semana, depois de na reunião deste órgão de 05 de fevereiro, Isabel Faria ter anunciado que aquela seria a última em que participava, adiantando que já não estará presente na convenção do Bloco, em maio. "A decisão, ao que parece, tomada durante uma reunião da comissão política com o grupo parlamentar, na terça-feira, traduz o mais profundo desrespeito da comissão política e do grupo parlamentar pelo grupo de 80 aderentes que, estatutariamente, constituem a mesa nacional", afirma o bloquista, na carta dirigida à mesa nacional, a que a agência Lusa teve acesso. O bloquista recorda que a mesa nacional é o "órgão máximo entre convenções", mas "tem sido chamada a ratificar muitas decisões já assumidas", citando o exemplo do apoio a José Sá Fernandes na Câmara de Lisboa. "Seria um atentado à minha inteligência continuar a participar num órgão que não exerce as competências que lhe são conferidas estaturiamente e observar passivamente a contínua e repetida ultrapassagem da comissão política e do grupo parlamentar", afirma. Apesar de considerar que "o Governo merece uma censura política no Parlamento", Paulo Silva admitiu ter "as maiores dúvidas" sobre esta moção de censura, considerando que PSD e CDS vão rejeitá-la com base na "argumentação tipicamente de esquerda". Para o agora ex-membro da mesa nacional, o BE quer "demarcar-se muito rapidamente do PS", após o apoio a Manuel Alegre nas presidenciais, e "roubar espaço" ao PCP, que já admitira apoiar uma eventual moção do PSD ou avançar com uma própria. À Lusa, Isabel Faria justificou a sua saída da mesa nacional com o que classificou de "falta de autocrítica do Bloco, que continua a dizer que tomou a decisão certa" ao apoiar Alegre, e condenou a expulsão de João Pereira, decidida na última reunião da mesa. "Não estou nos órgãos dirigentes de um partido que se alia ao PS e que cá dentro é cada vez mais parecido com o PCP", afirmou, acrescentando que a sua permanência no Bloco vai depender do modo como decorrer a convenção nacional, marcada para 14 e 15 de maio. Ao início da tarde, o assessor do Bloco de Esquerda afirmara à agência Lusa que o secretariado bloquista - que se reuniu esta manhã - não havia recebido até então qualquer pedido de demissão".

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