sexta-feira, janeiro 14, 2011

Governo quer cortar mais de 70% o tempo para os projectos de escolas

Segundo a jornalista Kátia Catulo do Jornal I, “clubes de leitura ou de ciências e apoio individual podem acabar, alertam directores de escolas Reduzir mais de 70% o tempo que os professores têm actualmente para se dedicarem a projectos de escolas ou a outras actividades não lectivas é a surpresa que assustou os dirigentes escolares assim que conheceram a proposta de despacho de organização do próximo ano lectivo do Ministério da Educação. As escolas têm hoje um mínimo de 16 e um máximo que pode ultrapassar as 300 horas para desenvolver iniciativas pedagógicas fora do horário das aulas. Se a proposta do governo for aprovada, porém, os directores escolares passam a contar em 2011/12 com um crédito que oscila entre as quatro e as 88 horas. É essa redução que leva as associações de dirigentes escolares a temer pelo fim de projectos como clubes de ciências, de matemática, ateliês de arte ou de leitura ou apoios individuais prestados aos alunos com dificuldades de aprendizagem. "Este despacho, a ser aprovado, cria sérios problemas, pois corta nos recursos humanos impossibilitando as escolas de manterem a maioria das iniciativas", avisa o presidente do Conselho de Escolas, Manuel Esperança. E as más notícias continuam, alertam os directores. O governo também quer retirar a componente lectiva às funções de assessoria que os professores prestam à direcção, o tempo que dedicam ao desporto escolar, ao plano tecnológico de educação ou à coordenação de programas como as Novas Oportunidades. Tudo isso passaria a estar incluído no horário não lectivo dos docentes, que é a componente actualmente usada para tarefas como substituição de professores, projectos extracurriculares ou tutorias. "São mais tarefas que terão de ser desenvolvidas usando o crédito de horas que entretanto também será cortado", critica Adalmiro da Fonseca, dirigente da Associação de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas. Com ou sem cortes nos créditos de horas, todos os projectos correm ainda o risco de ser suspensos caso o despacho entre em vigor a partir de Setembro. O governo quer igualmente extinguir a atribuição de horas para dinamizar projectos, mesmo no caso dos que já foram aprovados pela tutela. As iniciativas de escolas só poderão prosseguir após nova avaliação e autorização do Ministério da Educação. "Se isto for adiante, cada director terá de fazer uma selecção dos programas que considera essenciais e rezar para o ministério permitir a sua continuação", diz Adalmiro da Fonseca. Actualmente todas as escolas têm actividades pedagógicas que se comprometeram a desenvolver no projecto educativo traçado para 2009 - 2013. Cada estabelecimento de ensino identificou as maiores fragilidades entre a sua população escolar e aprovou programas específicos”.

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