terça-feira, novembro 02, 2010

Alberto João Jardim: "Há que actuar, desmontando as canalhices e reagindo contra as provocações feitas ao Povo. A hora da verdade chegará"!

"É preciso que a vida da Madeira não esteja à mercê da desonestidade intelectual, catapultada de maneira cúmplice através de meios de comunicação social orientados diversificadamente a partir de Lisboa, ou de iniciativas de órgãos de informação mentirosa que pertencem a grupos económicos locais com objetivos sinistros.
Estamos no último trimestre de 2010.
Foi um ano terrível.
Mas o Povo Madeirense foi sensacional.
Como foi gratificante sentir a solidariedade de tantos outros Portugueses, residentes fora do arquipélago. Porém, como “no melhor pano cai a nódoa”, houve quem, por cá, optasse pela atitude canalha de explorar a desgraça, na mais degradante falta de respeito a que assistimos em todos estes anos de Autonomia Política.
Gente de baixos sentimentos que, em vez de civicamente ajudar a ultrapassar tantos problemas, fossem quais fossem as suas opções políticas legítimas, antes se postaram com uma catadupa de novas exigências absolutamente loucas e que todos sabem impossíveis na presente conjuntura.
Psiquicamente distorcidos, sentiram que as dificuldades do momento lhes davam a oportunidade de há tanto tempo sonhada, para as suas vinganças políticas e pessoais, alimentadas anos e anos pelas frustrações e raivas que foram somando. Julgando eles que o Povo Madeirense, apesar de sujeito colonialmente a um sistema de ensino degradado e a uma catadupa de “informação” mentirosa, porventura perdesse os Valores e o sentido da Ética que, através de gerações, moldam a nossa Identidade superior e a nossa capacidade de Resistência.
Tudo isto obriga a uma atitude firme e de repulsa, por parte de todos os que percebem que a Madeira e o Porto Santo têm de continuar a ir em frente, têm de persistir, mais uma vez, nas históricas tentativas de ultrapassagem das dificuldades de cada momento. Obriga a não nos perdermos num excesso de paciência, em que a tolerância incorra no erro de consentir o espectáculo da pouca-vergonha desenfreada, a gozar connosco.
Basta!
Todos sabem o que estes trinta anos de Autonomia Política representaram de esforço de quase todo o Povo Madeirense, numa luta árdua, pacífica e a um ritmo sem precedente histórico, para mudarmos muito da miséria e das lacunas que séculos de exploração colonial e interna nos impuseram. Enquanto políticas de Lisboa arrastaram os Portugueses para distanciamentos em relação ao progresso da Europa civilizada, e que também, mercê do quadro constitucional imposto, fizeram com que tais disparates acabassem por ter reflexos negativos na vida do arquipélago.
Disparates que, apesar do grande empenho no Trabalho de quase todos os residentes na Região Autónoma, foram e são aqui apoiados, só para contrariar politicamente, por uma ínfima minoria inqualificada que é maioritariamente exibida por certa comunicação “social” com eles dolosamente comprometida. Comprometida, contra os próprios Direitos e interesses legítimos do Povo Madeirense.
Viveu-se e vive-se numa bipolarização política constante. Mas numa bipolarização distorcida de maneira anti-democrática, visto que ínfimas minorias dispersas por grupelhos político-partidários fragmentados, e onde, apesar de sucessivas derrotas, mantêm-se os mesmos dirigentes sem para tal terem um mínimo de categoria e só para conservar “tacho”,assim impedindo que Quadros de valor dêem um elã positivo e necessário ao exercício de Oposição. Ora, o distorcido desta bipolarização reside no facto de a tais minorias inqualificáveis ser dado o estatuto anti-pluralista de “donos” da Opinião Pública, apesar da sua reduzidíssima representatividade. E, desavergonhadamente, até se pretendendo calar todas as vozes que publicamente rejeitam esta selvajaria. À boa maneira do fascismo comunista ou de extrema-direita.
E não falta dinheiro “sujo” para tal.
Reparem.
Esta gente manifestou-se sempre contra todas as iniciativas que conseguiram mudar a Madeira. Esta gente opôs-se a tudo quanto foi a instauração do Estado Social na Madeira, e que tanto alterou as condições socioculturais do feudalismo e das injustiças vigentes no passado. Esta gente foi sempre contra a infraestruturação do território que permitiu qualidade de vida decente, após a miséria de séculos. E mesmo quando já não podiam negar a Obra concretizada, recorreram a duas infâmias.
Uma, a de chamar “despesismo” a todo o esforço legítimo, depois de durante mais de cinco séculos termos sido sugados pelos cofres de Lisboa. Outra, à boa maneira estalinista, tentarem apagar a História – como se fosse possível no tempo!... – ignorando o que foram estes trinta anos de Trabalho responsável do Povo Madeirense e o clima de estabilidade cívica em que, apesar deles, tudo decorreu.
Para tal gente, só existe a posição arruaceira deles no tempo presente!...
Canalha!...
Que cada Madeirense e Portossantense julgue honestamente o que teria sucedido à Região Autónoma, se a população do arquipélago, superiormente, não tivesse percebido que estávamos numa corrida contra o tempo, que tínhamos de aproveitar, esgotantemente e com visão de Estado, as oportunidades que então se ofereciam. Hoje, com as dificuldades gravíssimas, nacionais e europeias, que tornam quase tudo complicado executar, estaríamos bem arranjados se tivéssemos ido nas cantilenas partidárias deles!...
E quem quiser ver os disparates que essa gente disse e fez ao longo dos anos, quem quiser se aperceber mais uma vez da opinião negativa e sabotadora deles, basta reler tudo o que está para trás, mesmo na imprensa e nos escritos que lhes foram e são colaboracionistas.
Agora, entraram noutra desonestidade.
Portugal vive um dos seus piores momentos socioeconómicos, com evidente repercussão na vida do arquipélago. Não foi que os autonomistas sociais-democratas madeirenses não tivessem alertado e avisado, inclusivamente apresentando propostas concretas para o País, mas sempre recusadas também pela minoritaríssima oposição local, entretanto então sempre de acordo com os disparates da política nacional que nos trouxeram ao presente estado de coisas. Por outro lado, não só estamos ainda a pagar o esforço de investimento imprescindível que fizemos a tempo, como aguentamos as repercussões do “garrote financeiro” que os socialistas desencadearam maleficamente sobre o Povo Madeirense, com a cumplicidade – ou iniciativa?... – dos actuais dirigentes locais do PS.
Pois, neste quadro, espantosamente a que assistimos?!...
Por um lado, a oposição local continua a subscrever as políticas de Lisboa. E, simultaneamente, não quer que o Povo Madeirense disponha dos meios constitucionais que nos permitam iniciativa para ultrapassar as dificuldades da conjuntura presente.
Mas, por outro lado, e contra as orientações que apoiam em Lisboa, todos os dias, cá, apresentam novas “exigências” que não lembram ao diabo, que a população não subscreveu democrática e eleitoralmente, mas que se resumem ao mesmo: mais despesa e menos receita!
Postam-se debaixo de uma pimpineleira, num beco e na própria Assembleia Legislativa, quotidianamente e sabendo as cumplicidades com que contam na comunicação dita “social”, para dizer coisas. A “social”, subservientemente, num lhes pergunta como é que podem concretizar tais aldrabices, nem lhes põe qualquer contraditório ou pergunta difícil. Limita-se a lhes ser instrumento profissionalmente desprestigiante.
O Povo Madeirense lê, ouve e vê esta desonestidade de “promessas” que todos sabem irrealizáveis e que não passam de foleira “caça ao voto”.
Por mim, tudo bem. Até gosto. Gosto, porque vejo as pessoas fartas e indignadas com tanta desonestidade intelectual e desfaçatez, por parte dessa gente. Chegará a “hora da verdade”.
Mas não nos basta estar à espera. Há que actuar, desmontando tais canalhices e reagindo activamente às provocações que estão a fazer ao Povo, o Qual passa dificuldades e se sente injuriado com os desplantes diários de tal gente que julga ter o direito de enganar os outros e de brincar com os respetivos problemas ainda insolúveis.
Não nos basta estar à espera porque, para 2011, vimos já que estas minorias andam a mobilizar tudo o que lhes é possível, incluindo meios da República, para tentar destruir o que, graças a Deus, a Madeira representa no todo nacional
(texto de Alberto João Jardim intitulado "Desonestos" publicado na última edição do Madeira Livre)

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