terça-feira, outubro 19, 2010

Alberto João Jardim: "Não há razão para não arriscarmos uma MUDANÇA"!

"Começando pela fundação do Estado português, em 1143, e depois a revolução popular de 1385, a Restauração da Independência em 1640, bem como a resistência popular e das ilhas às invasões napoleónicas e ainda a implantação da Monarquia constitucional, e sobretudo os Descobrimentos, a Expansão Portuguesa, tudo isto, momentos mais altos da História de Portugal, fizeram-se com a OUSADIA do Povo português.
Não tivemos medo de assumir RISCOS.
E tal assim sucedeu no século passado, quando as Forças Armadas Portuguesas que eram «o povo em armas» e com maioria de Oficiais e Sargentos milicianos, aguentaram três frentes militares em África, numa área mais de trinta vezes superior à do território continental, esforço que foi comprometido pela incompetência, sem soluções políticas, dos dirigentes da ditadura do impropriamente chamado de «Estado Novo». Como o 25 de Abril e o 25 de Novembro foram também actos de ousadia, em que a coragem dos seus participantes fê-los suportar riscos patrióticos.
Não há razão, agora nos tempos que correm, para que o Povo português não assuma a mesma OUSADIA, os mesmos RISCOS. Não há razão para não termos a mesma OUSADIA democrática e para temermos novos RISCOS. Não há razão para não arriscarmos uma MUDANÇA.
Estamos perante um teste à capacidade dos Portugueses e, sobretudo, da «classe política», à capacidade de não aceitar mais, esta mediocratização decadente em que vivemos, bem como nos impôr ante as pressões externas injustas.
Toda a gente sabe que o proposto Orçamento de Estado vai piorar as condições de vida dos Portugueses. Toda a gente sabe que é socialmente injusto, nomeadamente quanto à redução dos salários e ao agravamento dos impostos. Toda a gente sabe que, assim, não vamos sair da situação em que nos mergulharam, antes se manterá o círculo vicioso de tudo sempre continuar a piorar.
Aceitar pura e simplesmente este próximo Orçamento de Estado, ainda que cientes das dificuldades que a sua recusa também implicará, sem a abertura de novas perspectivas positivas e concretas para Portugal, é um conformismo desastroso. A penitência de este Orçamento de Estado passar, só se justifica se, a par, for feito um grande compromisso nacional entre as forças democráticas, para uma revisão constitucional que, de facto e na pratica, mude Portugal. Temos de ter a OUSADIA de MUDAR esta situação desgraçada para que Portugal foi arrastado. Exorto os Portugueses para que, como noutros momentos altos da nossa História, não tenham medo de assumir RISCOS".
(por Alberto João Jardim, Palavras Assinadas, TVI24)

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