sábado, junho 05, 2010

Luis Amado quer deixar o governo em choque com Sócrates?

Tudo indica que sim. Segundo o Jornal I, num texto da jornalista Ana Sá Lopes, "o inistro de Estado e dos Negócios Estrangeiros pode estar em vias de abandonar o governo. A hipótese volta a estar em cima da mesa e às razões pessoais de Luís Amado - que o ano passado chegou a pedir para sair alegando cansaço - somam-se agora razões políticas. O ministro de Estado foi ontem desautorizado na Assembleia da República, sem contemplações, pelo primeiro-ministro. E à bruta: quando Paulo Portas perguntou a Sócrates se concordava com a inscrição na Constituição de um limite para o endividamento, defendida por Amado em entrevista ao "Diário Económico", o primeiro-ministro foi directo: "A resposta é não. Não sou favorável." Dois, e sem nenhuma palavra de benevolência com o seu ministro de Estado, que não estava no Parlamento por ter ido ao aeroporto receber o MNE do Congo, Sócrates justificou que "uma limitação constitucional altera e põe em causa aquilo que é um dever do Estado: responder, baseado na boa doutrina do Estado, a situações excepcionais". "Oponho-me a esse princípio constitucional", insistiu Sócrates, invocando a "obrigação moral" do Estado de intervir em alturas de crise. ministro deu a ideia a 17 de Maio, mas esta foi logo muito mal recebida por Sócrates, que, no entanto, se escusou durante mais de duas semanas a fazer qualquer comentário duro. Francisco Assis, o líder parlamentar do PS, descartou-a na altura afirmando que a inscrição do limite na Constituição obrigava a uma revisão e que o PS não deveria "desperdiçar energias com uma revisão constitucional". Sérgio Sousa Pinto, o vice-presidente da bancada elogiado por Sócrates no jantar de Natal, foi muitíssimo mais violento contra o ministro de Estado. Em declarações à TSF afirmou que a ideia de Luís Amado era "infeliz, ainda por cima vinda do PS", e que inscrever na Constituição "aquilo que são as fixações do Banco Central Europeu é um exercício degradante de sujeição". O ministro tinha defendido ao "DE" que seria "importante um consenso alargado face a dispositivos constitucionais que criem estabilidade e ajudem a resolver problemas estruturais". "Haverá uma reacção positiva dos mercados se, por exemplo, formalizarmos uma norma--travão que crie um limite para o défice e o endividamento. Um valor aceitável que não impeça uma resposta adequada em momentos de crise." a quarta-feira, Luís Amado tinha sido asperamente criticado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, devido à sua posição considerada "soft" relativamente ao ataque de Israel ao barco humanitário, sem que o grupo parlamentar erguesse a voz para o defender. Maria de Belém, vice- -presidente do grupo parlamentar, apenas garantiu que o ministro estaria disponível para discutir o assunto no Parlamento com a oposição. E a Assembleia da República acabou a aprovar um voto de condenação conjunto do PS, PCP e Bloco de Esquerda - duríssimo para o Estado de Israel -, onde se lia que "a brutalidade do ataque desferido por forças israelitas contra uma pequena frota de ajuda humanitária a Gaza, em águas internacionais, chocou e indignou o mundo" e que "a não-conformidade do Estado de Israel às normas do direito internacional e ao princípio da proporcionalidade provocaram uma onda de revolta [...] para além da chamada dos respectivos ministérios dos Negócios Estrangeiros dos embaixadores de Israel em variadíssimas capitais". Em Lisboa isso não aconteceu. pesar de Sócrates não estar virado para uma remodelação - até porque Pedro Passos Coelho a pediu - e de a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança aconselhar que não haja mexida na pasta dos Negócios Estrangeiros até Outubro, o cansaço de Luís Amado e as divergências em relação a Sócrates poderão obrigar a uma mudança na pasta. No governo passado, Amado já tinha pedido para sair invocando razões de saúde, mas Sócrates insistiu que permanecesse no "momento difícil". Quando se pensava que estaria indisponível para integrar o novo governo, Amado acabou por aceitar o convite de Sócrates. Agora, mais do que nunca, a relação parece tremer"

Sem comentários: