
Aprendi outra coisa. Havendo um diferendo, a versão de cada uma das partes, se a sós comigo, era completamente diferente, quer de uma, quer de outra, na situação em que eu procurava o contraditório com os dois à minha frente.
Passei a exigir que, primeiro, tudo me fosse apresentado por escrito e, só se justificado, é que mandava agendar audiência. Assim, ou dou logo despacho, positivo ou negativo, ao pretendido, ou encaminho o assunto para o colega de Governo que vai resolver. O tempo que se ganha! Mas fazer entender isto a várias pessoas...
Outro mau hábito, dito «de Abril», era as pessoas baterem à porta da residência privada para lhes resolver qualquer assunto, por ridículo que fosse. Hoje é um descanso, pois fui correndo com toda a gente e indicando onde se deveriam dirigir. Outra praga! Os pedidos de audiência, «para cumprimentos». Comecei a perceber que era tempo perdido e, se calhar, apenas para testar a fotogenia da pessoa recebida. Claro que, salvo as razões excepcionais de Estado em que não posso recusar as tais «audiências para cumprimentos», também acabei com isso. O telespectador deve imaginar a cara do outro lado do telefone, quando a minha Secretária diz: «O senhor Presidente agradece desde já os cumprimentos, considera-se cumprimentado, Vossa Excelência não precisa de se incomodar a cá vir». Claro que, num esquema de trabalho assim, muita gente, depois, deve me chamar nomes horríveis... Mas, não faz mal. Só o que se ganha em tempo e produtividade!..." (Alberto Joao Jardim na rubrica, "Palavras Assinadas", na TVI24, ontem. Veja aqui o video da gravação)
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