Aeroporto de Lisboa
Hoje fui ao aeroporto de Lisboa (Terminal 1) acompanhar e despedir-me da minha filha mais nova que entendeu por bem, num intervalo forçado da última etapa do seu curso de medicina, ir a África em voluntariado, conhecer a realidade de um continente sofredor e, sobertudo, a dimensão do sofrimento de um povo que sistematicamente é explorado, já não pelo colonialismo de outros tempos, mas agora pelo novo colonialismo, mais económico que político ou ideológico, mas que aos poucos transforma a vida dos africanos num regresso ao passado, sem esperança, sem sonhos, sem dignidade. Desejo-lhe toda a sorte do mundo, desejo que conheça aquela povo e país onde ela vai estar algum tempo, mesmo sabendo que até ao seu regresso a sua família vai ficar permanentemente na expectativa. Mas quero acima de tudo que esta experiência seja para ela uma oportunidade para trabalhar com pessoas, crianças e adultos, que sofrem as agruras de uma vida de carências que eu não queria passar. Por isso admiro-os muito. Tomei conhecimento - medida que vigora desde 22 de Outubro de 2007 e só agora anotei - que toda a zona do check-in dos passageiros, que antes era uma balbúrdia autêntica (havia passageiros que viajavam sozinhos mas levavam romarias de familiares, com 30 ou mais pessoas atrás dele, quer ao check-in nos balcões das companhias quer depois às portas de acesso à zona reservada a passageiros, tem o seu acesso condicionado apenas a estes, obrigados a exibir ou o código da reserva para aquele dia, ou a passagem. E mais ninguém passa pela segurança. A realidade tranquila que ali constatei, ao longe, nada tem a ver - e bem - com o rebuliço, por vezesum tormento do passado recente. Medidas de segurança, disseram-me. Acho bem.
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