sábado, agosto 25, 2007

Lombada da Ponta do Sol e a revolta da água

Nestas águas correm sangue e lágrimas

A escultura e a levada


Revolta das águas



No passado dia 19 de Agosto, escrevi:
"Segundo o DN local de hoje, a população da Lombada da Ponta do Sol, “não tem memória curta. E vai demonstrá-lo na jornada cívica que está a preparar para assinalar os “45 anos da Revolta das Águas”, no dia 21 do corrente mês. No passado, ficou a luta por um objectivo: a posse das águas. No presente, a intenção de mais uma lição de cidadania da Lombada e a necessidade de prestar homenagem a gente simples que fez História”. Gabriela Relva é a dinamizadora destas comemorações que incluem uma romagem ao denominado “Cabo da Levada”, onde será celebrada missa em memória de Belmira da Conceição Gonçalves, mais conhecida pela “Sãozinha”, assassinada pela polícia no auge da contestação popular, a 21 de Agosto de 1962. Gabriela Relva é irmã da “Sãozinha” e, também em memória de todos os que deram a cara à luta, prepara as comemorações da efeméride. Por razões familiares - o meu sogro, Luis Canha, era natural da Lombada da Ponta do Sol e não conheci ninguém mais fanático a defender a sua terra do que ele - esta terra faz parte da minha vida. Há nais de 30 anos que estou ligado sentimentalmente à Lombada, que conheço a sua história, as suas dificuldades no passado, as suas lutas, que conheço as suas gentes, que ali tenho amigos. É uma terra onde me sinto sempre bem, e à qual estou sempre ligado. Por isso, mesmo que a 21 de Agosto não esteja no Funchal, sentir-me-ei associado e apoiando esta inicativa. Se se banalizam as iniciativas, os monumentos, as recordações que funcionam como passagem de um testemunho de uma geração para as seguintes, é óptimo que na Lombada se recorde a revolta da águas, não como um momento isolado de contestação do povo, mas como um símbolo da liberdade de gente pobre nas honrada, e que ainda por cima era explorada por ganaciosos ladrões, curiosamente alguns deles ainda conseguem hoje sobreviver. A Lombada das Ponta do Sol é uma terra de emigrantes, principalmente na Venezuela, onde inevitavelmente também o meu sogro teria que ir parar, ganhando com trabalho e honradamente a vida e a estabilidade que depois legou aos seus filhos. Não podia falar na Lombada da Ponta do Sol (curiosamente a terra do actual Presidente da Câmara) sem falar no Luís Canha, a quem muito devo e a quem recordo com saudade. Sobertudo pela amizade que fez o favor de me dar e por tudo o que me ajudou. Se ele fosse vivo, eu tenho a certeza que estaria na primeira linha desta homenagem, feita pela sua gente pela sua terra, porque várias vezes ele me falava com tristeza e indignação da "revolta das águas" que fazia parte do seu "armazem de memórias". Mas esteja onde estiver, certamente que está presente, tal como muitos outros da Lombada da Ponta do Sol qaue já partiram". Hoje cumpri e estive na Lombada da Ponta do Sol - aliás onde ficarei uns dias, porque é uma terra onde me sinto bem, em casa - e deixo-vos umas imagens da peça escultórica que homenageou a revolta da água, principalmente a Sãozinha, morta durante os acontecimentos (uma vez mais peço desculpa pela qualidade mas foram tiradas com o telemóvel, mas fica a intenção até porque ainda não tinha visto em lado nenhum esta peça)

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