
O estudo Small Arms Survey 2007: a cidade e as armas traz dados novos e atualizados sobre a produção, os estoques, as transferências e as resoluções de armas pequenas, e coloca um foco especial sobre o controle das transferências de armas. À luz da declaração de que mais da metade da população mundial mora nas cidades, a edição deste ano explora a complexa questão da violência urbana analisando os casos do Burundi e do Brasil e traz um ensaio do premiado fotógrafo Lucian Read, especialista em conflitos. Esta edição traz também as informações obtidas a partir do rastreamento de munição desviada no norte de Uganda e no Rio de Janeiro, a relação existente entre o preço das armas e a probabilidade da ocorrência de conflitos, e o papel das armas pequenas na situação de pós-conflito no sul do Sudão. O Small Arms Survey é publicado anualmente por uma equipe de pesquisadores baseados em Genebra, na Suíça, junto com uma rede global de pesquisadores. Desenvolvedores de políticas, doplomatas e organizações não governamentais têm sido fontes de vital importância para a identificação de questões relacionadas às armas pequenas, bem como estratégias de redução da violência. Aqui.
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A urbanização descontrolada e em larga escala está com freqüência acompanhada da diminuição nos níveis de segurança pública e parece estar associada com o aumento dos índices de violência armada, conclui a edição de 2007 do Small Arms Survey. O tráfi co de drogas, a disponibilidade de armas de fogo, os lucros com atividades criminosas, o deslocamento social e a impessoalidade das grandes cidades contribuem para a violência armada. A falta de oportunidades de emprego e de recursos em algumas cidades são fatores capazes de despertar confl itos urbanos, do Brasil e Guatemala à África do Sul e Índia. “A maior parte da população mundial vive hoje nas cidades, que apresentam grandes desafi os para o combate à violência armada”, afi rmou Keith Krause, diretor de programas do Small Arms Survey, baseado em Genebra, na Suíça. “A urbanização costumava estar associada à industrialização e ao crescimento econômico, mas essa ligação foi rompida. O alastramento urbano leva 25 milhões de pessoas todos os anos a se unirem aos cerca de um bilhão de moradores das favelas – com freqüência locais de violência e coerção –, enquanto os mais ricos se recolhem em condomínios fechados”, disse Krause. Aqui.
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O Brasil, um país com praticamente nenhum registro de conflitos violentos em sua história, se destaca hoje pelos seus altos índices de violência armada. A vitimização pelas armas de fogo aumentou consideravelmente entre 1970 e 2004, quando foram divulgados os primeiros sinais de queda. O índice de mortes por armas de fogo aumentou de sete para 21 mortes por 100 mil habitantes no período que vai de 1982 a 2002. O noticiário cobriu a escalada da violência armada no país exaustivamente, mas de forma simplista. As notícias têm o foco voltado para ataques violentos e espetaculares perpetrados por organizações criminosas nas principais cidades brasileiras, mas fecha os olhos para os efeitos letais da violência rotineira e comum das armas de fogo, um fenômeno tão rural quanto urbano no país. Aqui.
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A violência armada urbana nos força a repensar nossa geografia mental do Estado, sociedade e governo – incluindo os fatores que levam a esta violência e à proliferação e mau uso das armas pequenas e leves. As edições anteriores do Small Arms Survey tiveram seu foco voltado para o papel da armas nos conflitos e nos crimes, bem como seu impacto no desenvolvimento e na atividade humanitária. O tema deste capítulo – As armas na cidade – se concentra nas características específicas da violência armada urbana e da insegurança, introduzindo novas evidências vindas de diversos centros urbanos na América Latina e Caribe, América do Norte, Europa, África e sul e oeste da Ásia. A maior parte da população mundial vive hoje nas cidades. Mais de um bilhão desses habitantes urbanos moram em favelas e guetos. O crescimento populacional tende a se concentrar nas áreas urbanas: o ritmo e a escala de urbanização serão especialmente dramáticos na África, na América Latina e no sul e oeste da Ásia. Consequentemente, as cidades estão se tornando rapidamente o ponto focal de políticas de prevenção e programas de redução da violência. O Small Arms Survey está se unindo e fazendo coro com governos e agências internacionais – como o Habitat da ONU e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento ao analisar a violência urbana e propor formas de fazer das cidades um local mais seguro. Aqui.
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