sábado, agosto 25, 2007

Cartas revelam dúvidas de madre Teresa de Calcutá sobre Deus

«Jesus tem um amor muito especial por si. Quanto a mim, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não ouço», escreveu ao reverendo Michael van der Peet em setembro de 1979. O livro Mother Teresa: Come Be My Light (Madre Teresa: seja a minha luz) vai ser lançado no dia 4 de Setembro pela Doubleday, nos Estados Unidos. A madre de etnia albanesa, dedicou a sua vida aos pobres e doentes na Índia, e morreu em 1997, com 87 anos. O desejo dela era que as cartas fossem destruídas, mas o Vaticano determinou que elas fossem preservadas porque poderiam transformar-se em relíquias de um santo, disse uma representante da Doubleday. Madre Teresa já foi beatificada, mas não canonizada.
A revista Time publicou excertos do livro na sua página na Internet. O livro foi compilado e editado pelo reverendo Brian Kolodiejchuk, um dos defensores da sua canonização. O conteúdo das cartas não deve afectar a campanha pela santificação, já que muitos santos na história da Igreja eram perturbados por dúvidas em relação a sua fé, a começar por são Tomé, que duvidou que Jesus tinha ressuscitado. Além disso, de acordo com a Bíblia, o próprio Jesus questionou Deus, ao perguntar, na cruz: «Pai, por que me abandonaste?». Mesmo assim, as cartas são um contraste à imagem pública de madre Teresa de incansável lutadora pelos pobres, movida sempre pela fé. «Nunca li a história da vida de um santo que tivesse uma sobriedade espiritual tão intensa. Ninguém sabia que ela estava tão atormentada», disse o reverendo James Martin, editor da revista jesuíta America. Os textos tratam de vários assuntos, mas os que devem causar mais polémica são os que constam do que a editora chamou «cartas sombrias». «Por favor reze especialmente por mim para que eu não estrague a Sua obra e que Nossa Senhor possa mostrar-se, pois há uma escuridão tão terrível dentro de mim, como se tudo estivesse morrido», escreveu ela em 1953. «Tem sido assim mais ou menos desde que dei início à 'obra'». Em 1956: «Tão profunda ânsia por Deus - e (...) repulsa (...) vazio (...) sem fé (...) sem amor (...) sem fervor. (Salvar) almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue a sorrir para Ele apesar de tudo». E em 1959: «Se não houver Deus, não pode haver alma, se não houver alma, então, Jesus também não é real». Às vezes ela tinha dificuldade em rezar. «Digo palavras de orações comunitárias e faço de tudo para tirar de cada palavra a doçura que ela tem de transmitir mas minha oração de união já não existe (...) não rezo mais». (fonte: Sol)

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