sexta-feira, março 16, 2007

Duas mensagens...

Alberto João Jardim fez há dias uma das mais importantes declarações – no âmbito das relações entre a Madeira e a União Europeia – que não teve destaque nem sequer foi aproveitada, vá lá saber-se porquê... – que revelam, porventura, que começam a ser abertos caminhos que até aqui pareciam fechados, no quadro das relações entre a União Europeia e as suas regiões. Eu tenho a minha interpretação, pois tenho. Mas não a digo. Limito-me, como registo, a transcrever o que os dois jornais regionais disseram quanto se referiram ao facto:

“(...) O presidente do Governo Regional demissionário, Alberto João Jardim, sugeriu a possibilidade de começarem a ser enviados "directamente para Bruxelas" os projectos que são candidatados a financiamento comunitário, em vez de passarem pelos diferentes Ministérios de Lisboa, onde correm o risco de ganhar "traça". "Terão, se calhar, de ser cada vez mais os projectos a ir directamente para Bruxelas a fim de evitar que se lhes dê traça", disse o governante, quando se dirigia à ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho. Jardim agradecia publicamente o "empenho" da actual conselheira do presidente da Comissão Europeia para a Ciência demonstrado para com os mais variados projectos candidatos aos fundos de Bruxelas, entre os quais se encontra o projecto para “Aproveitamento de Fins Múltiplos dos Socorridos - Transformação do Sistema de Inverno em Funcionamento Reversível”, projecto que resultou de um investimento de 28 milhões de euros (cerca de 5,6 milhões de contos), metade dos quais disponibilizados pela UE (...) À margem da inauguração, Graça Carvalho, ao ser instada a comentar o “desabafo” do governante madeirense em relação à "traça" que está a “emperrar” os projectos regionais, a conselheira de Durão Barroso começou por dizer que "é muito importante as regiões concorrerem directamente a Bruxelas" (...) (Jornal da Madeira)

A segunda declaração, proferida durante uma cerimónia promovida pela Caixa Geral de depósito de entrega de prémios a empresas regionais, pequenas e médias empresas que mais se destacaram na Madeira, revela uma linha de orientação que espero, e desejo, seja convictamente assumida, embora recusando a possibilidade da governação regional, seja a que pretexto for, ficar condicionada, manipulada ou dependente de associações empresariais ou de interesses, sejam eles de quem e quais forem. Mas, também neste caso, fica o registou:


“(...) Após salientar não ser verdade que o crescimento da Região Autónoma se deveu exclusivamente ao sector público, realçou que “o sector privado da Madeira respondeu muito bem”. “Não podia o sector público ter-se abalançado a fazer mudanças infra-estruturais de fundo se nos fornecimentos, na intervenção e na construção que era necessário erguer o sector privado não tivesse respondido bem”, sublinhou. Por outro lado, Alberto João Jardim acentuou que a Região “está perante novos desafios”, considerando que os “próximos anos vão ser cruciais para a Madeira, seja quem for que esteja no Governo”. Referiu: “Ao estarmos a concluir o grande lote daquilo que tinha de ser considerado essencial para a infraestruturação do território, vamos ter de fazer mudanças na Madeira. Vamos ter de alterar legislação. Vamos ter que pensar e reflectir muito bem sobre os incentivos”. Deste modo, considerou que “com as competentes associações empresariais” a Região está em condições de fazer “um balanço do que é necessário mudar agora para podermos entrar no novo ciclo”. Neste âmbito, Jardim considerou que o novo ciclo na Região “vai ter de passar mais pelo investimento privado e mais pela internacionalização da economia” (...) (DN da Madeira)

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